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Para aprender a ser uma boa pessoa, tenho como prioridade conversar com outras pessoas. Gosto de ouvi-las, conhece-las e saber o quão humilde é o coração de cada uma. Há quem não queira falar muito, mas, tudo bem, o silêncio me diz muito mais que as palavras. Viver não é nada fácil justamente porque possuímos uma existência e ela é individual. Os outros não podem assumir nossas responsabilidades e somente nós escolhemos e decidimos o melhor para nós mesmos. Nossa personalidade começa a ser formada desde que nascemos e então, passamos a descobrir que somos profundamente influenciados pelo ambiente em que vivemos, pelas pessoas que conhecemos e pelo o que elas nos dizem.
Somos ensinados a falar das conquistas, a sentir orgulho das histórias de superação que se tornam inspiração e acabamos por entrar numa corrida pelo sucesso que nem nós sabemos o que ele é e de onde vem. História inspiradora é quando alguém senta ao meu lado e diz "Fiz algo muito ruim e preciso mudar isso." "Não estou bem. Me ajuda?" "Eu só choro, será que é normal?" "Estou sofrendo muito.".
Fortes são os que reconhecem o que sentem e escolhem dividir a sua dor com alguém. É mais fácil falar das cicatrizes do que mostra-las, porém, tenho visto crescer o número de pessoas que me procuram durante o processo de cicatrização e isso é muito importante. Na corrida maluca pelo sucesso nos machucamos e machucamos outras pessoas. Podemos esconder a mão quando ferimos, mas nossas atitudes dizem muito sobre nós. Esconder sentimentos e emoções só piora nossa saúde mental criando uma casca ao redor do nosso coração chamada egoísmo. Nos aprisionamos em uma jaula de pensamentos criada por nós mesmos e a cada dia que passa ela se torna mais escura e nós, solitários.
Conseguir compartilhar a dor do próprio fracasso é um verdadeiro sucesso. Abrir o coração é um ato de amor, portanto, faça com alguém preparado e que você sinta que vai te ouvir. Pode ser um amigo ou profissional.
Precisamos de conversas mais sinceras entre pessoas dispostas a expressar seus sentimentos sem medo de expor sua vulnerabilidade, pois, ela aproxima outras pessoas e atrai compaixão e simpatia. Aceitar quem somos é arriscado, mas não tão perigoso do que desistir do amor e da liberdade de ser feliz.
Para nos tornarmos pessoas plenas devemos nos arriscar a cair e dar a cara a tapa, pois, só assim seremos autores de nossa própria história. As experiências de vida nos tornam vulneráveis, mas, também, os mais corajosos e mais fortes.
Uma sociedade aparentemente incurável nada mais é do que um conjunto de pessoas que fogem de si mesmas, pois, ainda não conseguiram abrir o coração e consequentemente, ferem-se umas às outras.
Escolha abandonar o sofrimento. Tudo bem não ser perfeito. Se você ainda não encontrou uma pessoa com quem possa ter uma conversa sincera, simplesmente seja uma.
Daniela Machado da Luz
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