Estado
Foto; Silvio Ávila / HCPA/Divulgação

O Rio Grande do Sul, que registrou nesta terça-feira (16) 502 mortes por coronavírus em 24 horas, ainda assistirá a uma piora da pandemia conforme especialistas ouvidos por GZH. Eles sustentam que a curva de óbitos deve aumentar nos próximos dias.

O doutor em epidemiologia Paulo Petry descreve a situação como “sem precedentes na história” e chama atenção para as filas por leito de UTI para justificar a avaliação de que o Estado tende a passar por momentos piores do que o atual:

— Com o quadro agravado (pela superlotação), o tempo de pacientes em UTI tem sido maior e isso causa maior demora na liberação de leitos. Consequentemente, mais pessoas sem o tratamento intensivo, mesmo precisando.

O epidemiologista acrescenta que, com vacinação lenta, alta circulação do vírus e possibilidade de novas mutações, “monta-se um cenário extremamente preocupante”.

Chefe do setor de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e infectologista do Hospital de Clínicas, Alexandre Zavascki diz que o recorde de mortes registrado nesta terça-feira não surpreende pelo que se vê dentro das instituições de saúde e das medidas adotadas pelos governos.

— Vivemos um massacre no Estado. Acompanho dentro e fora dos hospitais — diz o médico. — O Distanciamento Controlado é um modelo ultrapassado. Só parte para ação quando há um quase colapso do sistema hospitalar. Quando as medidas são tomadas, o problema já está instalado — sustenta.

Para Zavascki, os números ainda vão aumentar antes de começar a baixar:

— Não é nada do que a gente não sabia. Deve haver mais ainda. Tem muita gente em fila para um leito de UTI. Os hospitais estão colapsados. A gente está com essas pessoas sobrecarregadas também.

André Luiz Machado da Silva, infectologista do Hospital Conceição, salienta que ” pacientes estão morrendo porque não há mais atendimento digno para todos”.

— Vírus com a transmissibilidade maior do que a cepa que circulou em 2020, mais pessoas infectadas, mais pessoas com formas graves da doença. Uma assistência de saúde no seu nível máximo. Não adianta mais leitos e aparelhos de ventilação mecânica se não há equipes dedicadas. uitos acabam morrendo sem a possibilidade de chegar a um leito de UTI — lamenta.

Como Petry e Zavascki, Machado também projeta aumento de mortes:

— Infelizmente, o número alcançado hoje tende a aumentar devido à falta de planejamento precoce sobre vacinação, treinamento de equipes e conscientização da população de medidas como uso de máscara e distanciamento social.

GZH