O Rio Grande do Sul tem cerca de 291 mil trabalhadores subocupados, ou seja, que trabalham sem carteira assinada ou qualquer outro benefício. O dado é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera a situação preocupante.
“São pessoas que não têm uma cobertura previdenciária, não estão contando tempo para se aposentar, e estão numa situação precária, que não lhes permite consumir a longo prazo”, avalia o coordenador da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), Walter Paulo de Souza Rodrigues.
Entre eles está o entregador Evandro Leite, que trabalha até 12 horas por dia pedalando. “Às vezes, vai das 11h às 11h”. conta. “Dá para tirar, no mínimo, R$ 30, e no máximo, cento e poucos”, conta.
Para os clientes, os aplicativos dão comodidade. “É mais fácil eu pedir pra trazer aqui do que ir até lá. Economiza tempo”, diz o veterinário Vinícius Coronel, ao receber uma entrega.
O motorista Marcos Oliveira conta que tinha uma pequena empresa no Litoral gaúcho, cadastrou-se em um aplicativo de transportes para ganhar mais. Acaba trabalhando até 20 horas por dia. “A crise é grande e a gente fica na berlinda, então temos de fazer por nós”, desabafa.
A situação atinge pessoas de várias carreiras, alguns, inclusive, com graduação superior, como a professora Telassim Lewandowski. Há um mês e meio, ela procura emprego.
“Distribuí currículos em várias escolas, em vários locais referentes à minha profissão”, conta Telassim. “Nenhuma resposta até agora. Nem retorno, nem dizer ‘ok, recebi o seu currículo’, nada”, acrescenta.
Enquanto espera uma oportunidade, trabalha por conta própria. “Eu trabalho com correção ortográfica e normas da ABNT , e também trabalho em alguns restaurantes como auxiliar de cozinha”, diz a professora, que quer mesmo voltar a lecionar. “Não vejo a hora, é o que mais amo fazer.”
G1 RS