O nascimento de uma criança pode ser marcado por muitas emoções. No caso do “pequeno” – só que não! – Pedro, as surpresas foram o seu peso, de 6,535 quilos, e o seu comprimento, de 57,5 centímetros. Ele é o maior bebê que já nasceu no Hospital Estadual (HE), em Presidente Prudente (SP), em quase 30 anos de funcionamento da unidade de saúde, onde, na média, as crianças vêm ao mundo com até 3,6 quilos de peso e 49 centímetros de tamanho.
“Eu achava que seria um bebê grande, mas não desse tamanho. Fiquei muito chocada”, afirmou ao g1 a mãe Aline Suelen, de 32 anos.
O nascimento foi às 9h54 do dia 4 de janeiro de 2022 e o recém-nascido ainda segue internado no hospital.
A mãe relatou que a gravidez foi considerada de alto risco e acompanhada no HE.
“Tenho diabetes do tipo 1. A gravidez foi normal, na medida do possível. Mas tinha o desconforto por causa do peso da barriga”, disse.
Aline falou que esperava que seria um bebê grande, já por conta de sua gravidez anterior. “A primeira gestação foi menos cansativa. Foi cesárea também. Minha filha nasceu grande, mas o irmão superou”, contou.
Duas semanas antes do parto de Pedro, Aline fez um exame de ultrassom e a estimativa era de que o bebê estava com cerca de 3,5 quilos. “Pelos cálculos, ele ia nascer com 39 semanas, com peso entre 4 e 4,2 quilos”, lembrou.
A data marcada para o parto era dia 4 de janeiro. “Era para internar e já fazer o parto porque não poderia passar das 39 semanas, justamente para não nascer com mais de 4 quilos, porque estávamos na estimativa baseada no ultrassom. Aconteceu que não foi do jeito que a gente planejou. Nasceu maior”, destacou a mãe.
Antes mesmo do nascimento, os comentários sobre o “barrigão” da grávida eram de que, na verdade, teriam dois bebês.
“Era muito, muito grande. Achavam que eram gêmeos. No final, ele nasceu mais pesado do que se fossem dois bebês mesmo”, salientou.
Às 9h54, Pedro veio ao mundo.
“Eu achava que seria um bebê grande, mas não desse tamanho. Fiquei muito chocada. Pensei que ele iria para a UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. Fiquei preocupada. Mas a [médica] pediatra falou comigo, disse que ele não estava cianótico. Ele não precisou ser entubado. Eu estou de alta, mas ele vai ficar na incubadora com oxigênio até se adaptar. De resto, está tudo bem”, disse a mãe.
A família aguarda a alta do recém-nascido até a próxima semana.
“Isso é novo para mim. Eu não consegui pegá-lo no colo ainda. Agora, é esperar para ir para casa”, afirmou Aline.
Peso pesado
A família aposta que todo esse tamanho do seu integrante mais novo seja um pouco hereditário. O pai, o repositor Eduardo, de 22 anos, também “virou notícia quando nasceu”, em 1999, no município de Buritama (SP).
“Eu nasci com 5,140 quilos e foi notícia na cidade. O meu ainda foi parto normal e minha mãe não era diabética. Todo mundo se lembrou disso no grupo da família [no WhatsApp]”, afirmou ao g1. “Na foto de quando eu nasci, ainda com cordão umbilical, eu mal cabia na banheira”, brincou.
A primeira filha do casal também ganhou destaque quando nasceu com 4,480 quilos e também pelo parto cesáreo.
O caçula Pedro também nasceu comprido, com 57,5 centímetros. E foram os 6,535 quilos que deram ao bebezão o título de campeão peso pesado do Hospital Estadual de Presidente Prudente.
A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo confirmou ao g1 que ele é o bebê mais pesado que nasceu na unidade, que tem quase 30 anos de funcionamento e atende a 45 municípios do Oeste Paulista.
O enxoval que estava pronto vai precisar ser refeito.
“Eu já esperava que fosse grande. Já tinha a experiência por causa da minha filha. Não comprei nada muito pequeno, comprei roupinha para bebês de três meses. Mas acho que já não servem. Vou ter de comprar de quatro a seis meses”, comentou Aline.
“Provavelmente, a maioria não vai servir. Eu imaginava que seria grande por minha causa. Todo mundo fala que eu tinha tamanho de três meses e nenhuma roupa serviu”, brincou o pai.
Susto bom
Até para a mãe, que é enfermeira, foi uma grande surpresa.
“Eu trabalhava na parte da UTI neonatal, no berçário. Nunca tinha visto um bebê tão grande e muito menos imaginava que seria mãe de um”, frisou Aline.
“Foi uma surpresa e muito emocionante o parto. Deu um pouco de trabalho, mas deu tudo certo. Não tem como não falar que ele é um bebezão. Ele é enorme, parece uma criança de três meses. Aqui no hospital todo mundo fala que ninguém viu e é raro. O comentário é que ele é tão grande que está ‘criado’, que já pode colocar a mochila e levar para a escola”, relatou Eduardo.
A médica que fez o parto foi a ginecologista e obstetra Charlene de Carvalho Leite Pireneus, de 39 anos.
“A equipe inteira se assustou, na verdade. A paciente tinha uma barriga grande. A gente já esperava um bebê grande, tanto que a cesárea foi indicada. Só que, na hora em que saiu a cabecinha, ele era muito gordo, uma cabecinha muito grande. Foi aquele susto, todo mundo parou para ver o bebezinho, todo mundo ficou na expectativa de a gente tirar todo o bebê para ver qual seria o tamanho”, explicou ao g1.
A profissional enfatizou que a mãe já fazia o pré-natal na unidade, que acompanha casos de alto risco. “Isso por conta de uma diabetes que ela já tinha previamente à gravidez. Ela já usava insulina. Durante o pré-natal, descompensou muito a diabetes e foi uma diabetes bem difícil de a gente estar controlando. Por esse motivo, a gente já esperava um bebezinho maior, mas, desse jeito, não. Não tão grande”, pontuou a médica.
Charlene explicou que os bebês grandes são aqueles que nascem acima de quatro quilos. A média varia entre 3 e 3,6 quilos.
“São os bebês macrossômicos. A principal causa é a diabetes, tanto diabetes desenvolvida durante a gestação, assim como a diabetes já previamente diagnosticada, que não estava controlada ou que geralmente descompensa na gravidez”, explicou a médica.
A média de comprimento citada pela obstetra é de 49 centímetros.
A respeito da cirurgia cesárea, ela destacou que, teoricamente, a técnica é a mesma e que há dificuldade para retirar crianças de qualquer tamanho.
“Muitas vezes as pessoas acreditam que é fácil tirar um bebê, mas, não. A gente tem um pouco de dificuldade, ainda mais nesses bebês grandes, em que o ombro é largo. Muitas vezes bate na pelve da mãe. Então, a gente tem de tomar cuidado tanto para não machucar o bebê como também não prejudicar a mãe”, enfatizou.
A obstetra também comentou que, nesses casos, pode haver sangramento.
“O útero tem dificuldade de contrair nesses casos de bebês muito grandes. Mas ela [Aline], com a graça de Deus, no início sangrou um pouquinho, mas depois a gente conseguiu controlar. Uma das complicações que a gente pode ter é sangramento. Pode evoluir com uma atonia uterina, que é uma causa de hemorragia grave no pós-parto. Por isso, para essa paciente, a gente já começou com medidas para evitar a atonia uterina na hora em que tiramos o bebê e permanecemos até uma hora, uma hora e meia estabilizando-a, para que não ocorresse essa atonia, e depois a gente manteve os cuidados por 24 horas”, detalhou.
Com o bebê, também há cuidados especiais.
“O bebezinho fica a cargo da pediatria, mas também são bebezinhos que evoluem com mais desconforto respiratório e que têm hipoglicemia. São bebezinhos gordinhos, então, eles precisam de muita comida, de muito suporte, senão fica caindo a toda hora o açúcar no sangue”, falou.
Formada há 15 anos, Charlene ressaltou que foi uma experiência única trabalhar no parto de Pedro.
“Eu, formada há 15 anos, já atuo na área por muitos anos e nunca tinha visto um bebezinho tão grande. No Hospital Estadual, também. Foi o comentário geral. Nós vimos bebê de 5 quilos, de 5,5 quilos, mas acima de 6 quilos nunca tínhamos tido. Durante a carreira, a gente tem vários motivos e várias ocorrências que marcam. Essa vai ser uma marca boa, uma marca gostosa, um susto bom, porque na hora em que a gente tirou ele foi aquela reação: ‘Uau’. O pai se assustou, a mãe se assustou, foi algo bem diferente, mas bem gostoso”, finalizou.
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G1