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Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

O mundo já atravessou cinco grandes eventos de extinção em massa, o último deles há cerca de 65 milhões de anos e que marcou o fim dos dinossauros. E, segundo especialistas, o sexto já está em andamento — mas, ao contrário dos anteriores, este seria exclusivamente provocado pela ação humana.

Mudanças climáticas, destruição do habitat natural, poluição e agricultura industrial são apontados como problemas drásticos no estágio inicial de um desaparecimento semelhante ao que já ocorreu em outras eras.

Pelo menos um milhão de espécies correm risco de desaparecer para sempre nas próximas décadas, de acordo com estimativa de um relatório da ONU publicado em 2019 — nas extinções em massa, pelo menos três quartos de todas as espécies desaparecem em cerca de 3 milhões de anos. O problema é que o comportamento humano trilha um caminho para que isso aconteça dentro de alguns séculos.

Riscos iminentes

Um dos primeiros problemas que devem aparecer com a extinção dos animais é as reservas de comida diminuírem, já que grande parte dos alimentos consumidos pelos seres humanos dependem da polinização.

Corey Bradshaw, professor de Ecologia Global da Universidade de Flinders, na Austrália, disse à emissora DW Brasil que usa modelos matemáticos para mostrar essa interação entre os seres humanos e os ecossistemas.

Segundo ele, cerca de um terço da oferta mundial de alimentos depende de polinizadores, como as abelhas. Se elas foram extintas, o rendimento agrícola pode cair. Pragas também podem ficar mais fortes à medida que diminuem seus predadores, impactando ainda mais as monoculturas

Milhões de pessoas também dependem de animais selvagens para a alimentação, especialmente da pesca nas regiões costeiras. Mas as reservas pesqueiras estão ameaçadas e, com elas, uma importante fonte de nutrição.

Outra questão delicada é a fome por escassez da água. Grande parte da água doce é purificada e distribuída, vindo de zonas úmidas que fornecem o líquido essencial para a vida. Se estas áreas colapsarem devido ao declínio da vegetação ou pelo florescimento de algas, por exemplo, a humanidade poderá perder muita água para beber e para uso agrícola.

O desmatamento tem influência direta nessa questão, pois altera os padrões de precipitação,  já que menos umidade é evaporada devido à perda de árvores. Assim, paisagens inteiras poderiam secar, um processo semelhante ao que ocorre atualmente na Amazônia. Florestas insalubres também aumentam o risco de incêndios.

Floresta Amazônia em chamas, em setembro de 2021.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que cerca de 10 milhões de hectares de floresta foram cortados anualmente desde 2015. Isto é equivalente à área da França e da Espanha juntas.

A qualidade do solo se deteriorando culmina ainda no desaparecimento mais rápido de outras espécies. O sumiço de microrganismos, por exemplo, poderia levar a um agravamento da erosão, deixando os solos menos férteis. Isto, por sua vez, levaria a mais inundações, bem como a uma menor fertilidade do solo, o que afetaria o crescimento das plantas.

Além disso, à medida que a vida selvagem e os seres humanos entram em contato mais próximo uns com os outros através da fragmentação do habitat e da ruptura dos sistemas naturais, causados pela perda da biodiversidade, o risco de acontecerem outras pandemias fica ainda maior.

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