Estado
Foto: Itamar Aguiar/Palácio Piratini

O Comitê Científico de apoio ao enfrentamento da Covid-19 no Rio Grande do Sul, do qual integra a Secretaria da Saúde (SES), publicou Nota Técnica nesta quinta-feira (3) “recomendando fortemente” o uso adequado de máscaras por crianças de seis a 11 anos. Seguindo decreto estadual, a proteção deve ser usada com supervisão de um adulto. O decreto causou dúvidas entre pais e escolas e foi criticado por especialistas.

A nota complementa o decreto estadual n° 56403, publicado no último sábado (26), que revogou a obrigatoriedade do uso da máscara nesta faixa etária no Estado. “Apesar de não ser obrigatório, continuamos percebendo o uso de máscaras em crianças como extremamente necessário para diminuir os casos de Covid-19, e, principalmente, que elas transmitam o vírus para pessoas da família com maior risco de ter agravos”, disse a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Cynthia Molina Bastos.

A recomendação leva em consideração o retorno às aulas presenciais nas escolas do Estado e que muitas crianças já possuem o hábito de usar as máscaras. A biomédica Mellanie Fontes-Dutra, com mestrado e doutorado em neurociências pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), professora da Escola de Saúde da Unisinos, salienta que a nota reforça “a importância da adesão ao uso de máscara no cenário atual”.

“De forma geral, a máscara traz mais benefício às crianças desta faixa de seis a 11 anos do que malefícios, mas cada caso deve ser observado em particular. O uso do item não impede a transmissão do coronavírus, mas é comprovado que diminui consideravelmente”, explicou a professora do Departamento de Estatística da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufgrs), representante da instituição no comitê, Suzy Alves Camey. Já a retirada da obrigatoriedade tem, segundo ela, o papel de aliviar tensões no dia a dia, evitando situações em que o uso é inviável e as crianças acabam enfrentando algum constrangimento.

Eliana Wendland, médica epidemiologista e professora na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), também integrante do Comitê Científico, lembra que a mudança retorna às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o uso de máscaras por crianças. “No momento em que há obrigatoriedade, se deixa de dar conta de crianças que são exceções”, disse, dando alguns exemplos. “Crianças de 3 ou 4 anos que têm dificuldades com a máscara, crianças com autismo, com necessidades especiais, surda”. Ela alerta, no entanto, que a retirada da obrigatoriedade não significa que as máscaras não são mais necessárias: “Não quer dizer que é para retirar máscaras e ninguém mais usa. Neste momento, as máscaras continuam sendo recomendadas. É preciso ter bom sendo sobre quando pode e quando não pode, se tem uma aglomeração ou não”.

A nota ainda traz especificado que entre dois e cinco anos a máscara deve ser usada de acordo com a tolerância da criança e sob supervisão de um adulto, além de reforçar a necessidade do distanciamento social e ventilação adequada, em especial quando houver crianças sem a proteção no ambiente.

O documento foi escrito em conjunto entre as instituições que fazem parte do Comitê Científico na tarde desta quarta-feira (2), em reunião virtual.

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