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Foto: Reprodução RBSTV

Em 2021, a taxa de pobreza entre as crianças na primeira infância, com idade até seis anos, chegou a 24% no Rio Grande do Sul. Na extrema pobreza, são 3,7%. As informações estão no relatório “Pobreza Infantil no Brasil”, produzido por pesquisadores da PUCRS com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua do IBGE.

Em relação ao total da população do estado, entretanto, as taxas foram menores, de 12,5% e 2,6%, respectivamente.

Os números apontam que a taxa de pobreza para crianças era 91% maior do que para a população geral, e a taxa de extrema pobreza 43% maior.

“Um dos estados com renda media mais altas do país e, apesar disso, a gente tem quase que uma em cada quatro crianças que vivem em domicílios com renda abaixo da linha de pobreza, isso é muito grave”, afirma o pesquisador Andre Salata, do PUCRS Data Social.

Em termos absolutos, havia no estado 208,8 mil crianças vivendo em famílias com renda per capita abaixo da linha de pobreza em 2021, e 32,4 mil crianças em domicílios com renda inferir à linha de extrema pobreza.

Bruna Rocha, 31 anos, dona de casa, vive as dificuldades da distribuição desigual. Tem cinco filhos, o filho mais novo vai completar cinco anos e ainda não está na escola. O marido sai para coletar material reciclável diariamente e a família vive com o Auxílio Brasil de R$ 600.

“Eu estou recebendo o auxilio, mas se eu tivesse um emprego eu podia fazer uma reforma na minha casa”, afirma.

Detalhes do estudo

O estudo trabalha com as linhas para pobreza e extrema pobreza definidas pelo Banco Mundial. Em valores mensais de 2021, a linha de pobreza é de aproximadamente R$ 465 per capita e a linha de extrema pobreza é de aproximadamente R$ 160 per capita.

“Ou seja soma a renda de todo mundo que mora no domicilio, divide pelo numero de moradores se der abaixo de 465 tá em situação de pobreza”, explica Salata.

Os pesquisadores destacam que as dificuldades para o desenvolvimento das crianças, leva a outras consequências que afetarão toda a sociedade.

“Se eu tenho crianças pobres com dificuldade de acesso a alimentação, às condições mais básicas para que elas se desenvolvam, eu comprometo produtividade. A gente já sabe que crianças que passam por essas condições acabam se transformando em adultos que têm mais dificuldades em inserção em mercado de trabalho, em formação e em capacitação de uma forma geral”, afirma o economista Ely Mattos, que integra o grupo de pesquisadores.

Conforme o estudo, nem todas as crianças, no entanto, apresentam a mesma chance de se encontrarem em situação de pobreza ou pobreza extrema. Entre as crianças negras, por exemplo, a taxa de pobreza em 2021 era de 29%, e a taxa de pobreza extrema ficava em 4,6%. Já entre as crianças brancas essas cifras eram de 22,9% e 3,6%, respectivamente. Nas áreas rurais do estado do RS, 38,7% das crianças estavam em situação de pobreza, enquanto no meio urbano eram 21,6%.

A desigualdade é destacada como causa para que o estado tenha chegado na situação atual. “Em um estado como o RS, que tem um volume de recursos que seria o suficiente pra você ter uma taxa de pobreza muito menor, essa taxa é elevada porque a gente distribui muito mal os recursos que a gente tem, então, no fundo a principal explicação pra pobreza no Brasil gira em torno da desigualdade”, ressalta Salata.

Futuro das crianças

Dos cinco filhos de Bruna, quatro vão na escola e no turno inverso nos serviços de assistência social na vila Cruzeiro. O mais novo não vai a nenhum.

“Ele vai comigo onde eu vou, ele tem que ir comigo, não tem como deixar ele sozinho, com vizinho, vizinho trabalha.”

Bruna espera que, no futuro, os filhos não precisem para pelo o mesmo que os pais. “Eu não quero que eles tenham que trabalhar puxando carrinho, catar um lixo pra comer um pão pra comer uma fruta, eu não quero que eles tenham que tomar banho com pedaço de sabão em barra, que era o que a gente estava tomando banho e o mesmo q a gente lava a louça”, diz.

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