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O chimarrão, feito a partir da infusão da erva-mate — proveniente das matas sul-americana —  é uma bebida de origem indígena que está entre as mais consumidas no Rio Grande do SulParaná e Santa Catarina. Em outros Estados, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, a erva é consumida como tererê, bebida preparada com água gelada.

Segundo o Instituto Brasileiro de Erva-Mate (Ibramate), 90% da erva processada no Rio Grande do Sul é utilizada para o preparo do chimarrão, ante 7% para o tererê e 3% para outras finalidades, como chás e cosméticos. Uma pesquisa da Fundação de Economia e Estatística do RS (FEE/RS) mostra que o consumo de erva-mate no Estado gaúcho, que tem uma população estimada de 11,3 milhões de habitantes, é de 5,72 quilos por habitante.

Servir chimarrão a um visitante é um gesto de hospitalidade. A bebida também pode ser servida e tomada em roda, o que representa que os presentes estão abertos à prosa.  Quando tomado de forma coletiva, o compartilhamento da bomba e da cuia representa um gesto de confiança e carinho. 

Em 24 de abril, é comemorado o Dia do Churrasco e do Chimarrão. Essa data foi instituída a partir da Lei Estadual nº 11.929, de 20 de junho de 2003, como uma homenagem para dois dos maiores símbolos da cultura gaúcha. 

Para comemorar o Dia do Churrasco e do Chimarrão, GZH* separou uma lista com os elementos necessários para fazer chimarrão e dicas de preparo para torná-lo ainda mais saboroso. Confira:

Elementos constituintes do chimarrão

Antes de realizar o preparo do chimarrão, é preciso ter, em casa, os elementos básicos para seu preparo. Veja quais são:

Cuia

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A cuia é utilizada para armazenar a erva-mate e a águaDouglas / stock.adobe.com

A cuia é utilizada para armazenar a erva e a água. Existem basicamente dois modelos mais comuns de cuias:

  • Uruguaia, gajeta ou coquinho: são menores e mais usadas quando se quer tomar o mate de forma individual. Uma de suas vantagens é a de possibilitar um consumo rápido, antes que a água esfrie. 
  • Gaúcha ou “bago de touro”: é aquela que é desenhada pelo porongo. Geralmente tem um pescoço curto e o fundo mais arredondado. São as mais tradicionais e muito utilizadas quando deseja compartilhar o chimarrão.

Bomba

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Bombas de aço inoxidável são as mais recomendadas para que não haja perda no sabor do chimarrãonikolaydonetsk / stock.adobe.com

A bomba é utilizada para sugar o líquido. Existem uma variedade de bombas, mas as mais recomendadas são as de aço inoxidável porque não deixam gosto e não interferem na bebida.

Água

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Para o preparo do chimarrão, o indicado é que a temperatura da água esteja em 70ºCGonzalo / stock.adobe.com

Três fatores devem ser levados em conta quando a água é servida para o preparo do chimarrão:

  1. Qualidade: o recomendado é a água seja mineral ou filtrada. 
  2. Quantidade: Se houver pouca água, o mate pode entupir. O recomendado é preencher a cuia até o pescoço. 
  3. Temperatura: para o preparo do chimarrão, o indicado é que a temperatura da água esteja em 70ºC. A essa temperatura não há risco da erva queimar e o sabor e as propriedades benéficas da bebida serão mantidos.

Erva

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Existem basicamente quatro tipos de erva-mate: moída grossa, nativa, pura folha e tradicionalEmerson / stock.adobe.com

Para o chimarrão ficar mais saboroso, é preciso consumir erva-mate fresca e se atentar com a data de fabricação e validade dela. Quanto mais nova ela for, melhor para o preparo do chimarrão. 

Como a erva-mate é sensível às mudanças de temperatura, o recomendado é que ela seja armazenada no freezer ou na geladeira. As baixas temperaturas mantêm por mais de dois anos os sabores originais dela.

Existem, basicamente, quatro tipos de erva-mate:

  • Moída grossa: essa denominação faz referência ao tipo de moagem que a erva é submetida após a desidratação e a secagem. Esses processos fazem com que os pedaços das folhas sejam menos processados, o que garante o amargor.
  • Nativa: feita a partir da planta Ilex Paraguariensis, colhida em seu habitat natural. A maior parte da produção dessa erva é realizada no Paraná. O resultado é uma erva suave, não tão amarga. Ela é muito utilizada para o preparo do chimarrão.
  • Pura Folha: o processamento dessa erva é feito exclusivamente com as folhas da planta, o que garante o sabor mais amargo entre os tipos já citados. Ela é consumida, principalmente, na Argentina e no Uruguai — onde é consumida uma erva que passa por um processo extra de secagem — e, geralmente, funciona melhor em cuias de formato coco.
  • Tradicional: diferentemente da nativa, esse tipo de erva é cultivada especialmente para a produção do mate ou do tererê. Ela é encontrada, especialmente, na região de Venâncio Aires. A mistura de 70% de sua folha com 30% do seu caule garante um nível de amargor intermediário.

Como preparar o chimarrão?

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Existem diversos modos de preparo do chimarrãocabuscaa / stock.adobe.com

Com base em dicas de Antônio Costaguta, assador, criador do projeto El Topador e seguidor da cultura gaúcha, GZH separou um guia de preparo de chimarrão. Confira:

  1. Coloque a erva-mate até a altura do pescoço da cuia.
  2. Para formar o morro, tampe um lado da cuia com uma das mãos, ou com o auxílio de algum objeto, e deite-a de lado. Com isso, a erva se concentrará em um dos lados da cuia.
  3. Misture água quente (70ºC) com água a temperatura ambiente para deixar a mistura morna. Coloque-a no espaço não ocupado pela erva.
  4. Deixe a cuia inclinada no porta cuia por até quatro minutos para cevar a erva. A água vai penetrar nela e manterá o morro firme.
  5. Segure a cuia na posição de sorver o mate e acrescente mais água quente até chegar na borda.
  6. Hora de colocar a bomba. Para isso, tampe a extremidade superior da bomba com o dedo para evitar a entrada de ar. 
  7. Coloque a bomba no mate e ajeite na lateral para beber. Beba até roncar e passe adiante.

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Natália Frighetto/GZH