Setembro terá a influência de El Niño de maior intensidade no clima pela primeira vez desde 2015 e os reflexos serão sentidos. O inverno já foi de poucos episódios de frio mais intenso e os sinais da primavera já são visíveis na natureza com o canto cedo dos sábios e as árvores que se enchem de cores. O inverno astronômico termina apenas no dia 23 de setembro às 3h50, mas o chamado período da primavera meteorológica tem início em 1º de setembro porque compreende o trimestre que vai de setembro a novembro. Setembro é, assim, um mês que marca a transição para a primavera e traz junto um aumento da temperatura.
Particularmente no Rio Grande do Sul, setembro costuma na climatologia histórica ter altos volumes de chuva com muitos episódios passados de cheias de rios e enchentes. Tanto que, no caso do estado gaúcho, há o folclore da enchente de São Miguel, na segunda metade do mês.
SETEMBRO SOB EL NIÑO
O mês de setembro em 2023 transcorrerá sob a influência do fenômeno El Niño, que teve início em junho. Será o primeiro setembro com o Pacífico Equatorial superaquecido desde 2015, ano do Super El Niño de 2015 e do começo de 2016. O mês vai marcar também o começo dos efeitos mais perceptíveis no clima do Sul do Brasil, em particular na chuva.
PREVISÃO DE CHUVA EM SETEMBRO
Será um mês de setembro diferente do que costuma ser no Centro do Brasil com mais chuva do que costuma cair nesta época do ano. As precipitações retornaram mais cedo que o habitual, em agosto, atingindo grande parte do Centro-Oeste e do Sudeste do país. Neste mês, de acordo com as projeções dos modelos, o padrão de chuva acima da média mensal persistiria em vários pontos do Centro do país. O mapa acima mostra a projeção de anomalia de precipitação para o mês de setembro do modelo climático norte-americano CFS em que se observa a perspectiva de setembro terminar com chuva acima da média em muitos locais de estados do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil. A região do Brasil que mais terá chuva, entretanto, será o Sul do país. A tendência é que o mês registre precipitação acima a muito acima da média em diversas localidades da Região Sul. Alguns locais podem anotar acumulados tão altos quanto 300 mm a 500 mm apenas durante setembro, ou seja, metade ou mais da metade do que costuma chover em toda a primavera em apenas um mês.
MAIOR OCORRÊNCIA DE TEMPESTADES
Setembro, como mês da primavera climática, tende a ter um aumento dos episódios de tempo severo no Sul do Brasil. O risco é principalmente agravado com incursões tardias de ar frio à medida que a presença de ar quente se torna mais comum sobre o Sul do país com o fim do inverno. O encontro de massas de ar frio e quente gera as tempestades severas, sobretudo na chegada de frentes frias. Em anos de El Niño, como é o caso de 2023, atmosfera mais quente, úmida e instável, com maior influência de ar tropical, favorece uma maior frequência de tempestades no Sul do Brasil. Os temporais não necessariamente são mais intensos, mas ocorrem em maior número. Podem ocorrer os primeiros eventos de sistemas convectivos de mesoescala, aglomerados de nuvens carregadas que crescem durante a noite, uma característica da primavera, no Norte argentino e no Paraguai. Em 2023, já na primeira semana se espera um episódio de forte instabilidade no Centro-Sul do Brasil que deve trazer muitos temporais. O maior risco será nos estados da Região Sul e no Mato Grosso do Sul. Por fim, setembro é um mês com maior propensão para a formação de ciclones extratropicais no Atlântico Sul, nas latitudes médias do continente, especialmente nos litorais da Argentina e Uruguai, e às vezes na costa do Sul do Brasil, uma vez que se torna mais frequente o encontro de massas de ar quente e frio na região. Episódios de frio mais intenso serão muito dependentes da formação de ciclones mais intensos em setembro no Atlântico Sul, mas a tendência é que neste ano os ciclones mais intensos se posicionem mais ao Sul do continente, perto da Antártida e da Patagônia.
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Metsul Meteorologia