Polícia
Foto: Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

No início da madrugada de 10 de janeiro, a Brigada Militar foi chamada até uma casa na Rua Bahia, no bairro Rincão Gaúcho, em Estância Velha, no Vale do Sinos. Pouco antes, vizinhos ouviram uma sequência de disparos.

Ao chegar ao local, a polícia encontrou Antônio Sérgio Gonçalves Júnior, 50 anos, caído no chão, baleado, e a companheira dele, Maura Raquel Frasão Gonçalves, 45, ferida em uma das pernas.

A mulher relatou que os dois foram alvejados no momento em que saíam da moradia. O homem chegou a ficar internado, mas não resistiu. Já a companheira deixou o hospital mesmo antes de receber alta, e, dias depois, precisou ser socorrida novamente e não resistiu. A causa da morte é apurada. A história, investigada pela Polícia Civil, segue envolta em mistérios.

Maura e Antônio mantinham relacionamento havia cerca de 11 anos. Os dois se conheceram em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, de onde o homem era natural. Quando passaram a se relacionar, a mulher já era mãe de três filhos e ele, pai de uma filha.

Há cerca de oito anos, os dois se mudaram para uma casa alugada em Estância Velha. Era lá que vivia o casal e a caçula de Maura, de 14 anos.

Logo depois da meia-noite do dia 10, segundo o depoimento da mulher, a adolescente ligou para casa pedindo ajuda porque havia ficado sem gasolina, às margens da BR-116. A jovem estava na carona da motocicleta do namorado, de 19 anos. O padrasto então teria decidido ir buscá-la.

Maura relatou aos policiais que, no momento em que eles abriam o portão da garagem, um casal surgiu na frente da moradia e passou a disparar contra eles. Antes, teriam questionado pela adolescente e pelo namorado dela.

Ao todo, teriam sido efetuados cerca de 30 tiros contra a residência, com pistolas de calibre 9 milímetros. Antônio foi atingido por seis tiros, sendo cinco no peito e um no pescoço, já Maura ficou ferida numa das pernas. Os dois foram levados ao Hospital Geral de Novo Hamburgo, enquanto a Guarda Municipal buscou a filha da vítima e o namorado.

Devido às complicações em razão dos ferimentos, Antônio morreu pouco mais de uma semana depois de ser hospitalizado, no dia 18. Maura chegou a deixar o hospital no dia 17, um dia antes de receber alta. No último sábado (20), precisou novamente ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros, após se sentir mal. Ela morreu no domingo, no Hospital Getúlio Vargas, em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, após sofrer uma parada cardiorrespiratória. O corpo dela foi encaminhado para necropsia.

Causa da morte

Conforme o delegado responsável pela 3ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, Eduardo Hartz, a polícia ainda apura se a morte de Maura pode ter vínculo com o ataque a tiros. Para isso, a polícia aguarda o resultado da necropsia, que irá apontar o que ocasionou o óbito. Segundo familiares, a mulher era hipertensa e já havia sofrido um infarto há alguns anos.

— A investigação trabalha para saber se houve nexo de causalidade entre o disparo e a morte dela. A perícia é que deve apontar isso, se houve alguma complicação. Até então, trabalhávamos com um homicídio consumado e um tentado — diz o delegado.

Maura chegou a prestar depoimento sobre o ataque a tiros e a morte do companheiro durante a investigação. De acordo com o delegado, a polícia não encontrou indícios de que pudesse se tratar de uma tentativa de assalto à moradia e investiga o caso como homicídio.

A polícia evita divulgar detalhes sobre a apuração e quais as possíveis motivações para o crime. Até o momento, ninguém foi preso. O casal não tinha histórico criminal. A investigação ainda averígua se o casal era ou não o alvo dos atiradores.

Pelas redes sociais, Maura chegou a se manifestar sobre a morte de Antônio. “Venho aqui comunicar que hoje meu coração se partiu. Luto pelo meu marido”, escreveu, dois dias antes de regressar para o hospital.

Irmã também faleceu

O mais velho de uma família de seis irmãos, Antônio cresceu no bairro Rondônia, em Novo Hamburgo. Trabalhou boa parte da vida como fundidor, mas abandonou a profissão para cuidar da irmã caçula, com Síndrome de Down. Depois disso, chegou a fazer transporte por aplicativo, e, mais recentemente, havia se empregado num curtume, em Ivoti.

— Meu pai sempre trabalhou, sempre se deu bem com todo mundo. Era uma pessoa boa, não era envolvidos com drogas, com nada disso. Acredito que ninguém tem nada contra ele — diz a filha Ketlin Caroline Gonçalves, 24 anos.

No início de janeiro, a irmã de Antônio faleceu após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Segundo a filha, o pai era dedicado e amoroso, e estava abalado pela perda. “Deus quis vocês ao lado dele. Sei que não vai ser fácil, sem você aqui”, escreveu num post nas redes sociais no dia 2 de janeiro.

— Ele cuidava dela como uma filha. Estava muito triste. Quero saber o que aconteceu com ele e não ficar com essa dúvida o resto da minha vida  — desabafa a filha.

Avô carinhoso, era bastante apegado ao neto. Fanático pelo Grêmio, Antônio foi velado e enterrado com a camiseta e a bandeira do time. Maura, além dos três filhos, deixa a mãe e o irmão, que vivem no Estado do Pernambuco. Atualmente, ela trabalhava como cuidadora de idosos.

Receba as notícias do Três Passos News no seu celular:

https://chat.whatsapp.com/DQDP80AM1AuE8kxc2pC6Ex

Gaúcha ZH