
Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e Bruna Nathiele Porto da Rosa foram condenadas por tortura, homicídio e ocultação de cadáver pela morte de Miguel dos Santos Rodrigues, de sete anos. A sentença foi lida, nesta sexta-feira (5), após dois dias de julgamento, realizado em Tramandaí. O crime ocorreu em 2021 na cidade de Imbé, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.
A mãe de Miguel, Yasmin, foi condenada a 57 anos, 1 mês e 10 dias de prisão pelos três crimes. Já Bruna, a madrasta, foi condenada a 51 anos, 1 mês e 20 dias de prisão pelos três crimes.
As rés permanecem presas, mas podem recorrer da decisão.
O crime ocorreu no final de julho de 2021. O corpo de Miguel teria sido colocado em uma mala e jogado em no Rio Tramandaí. O menino nunca foi encontrado. As duas rés estão presas preventivamente desde então.
Ministério Público pediu pelas condenações
O promotor André Luiz Tarouco Pinto explicou aos jurados do que são acusadas as rés: 1) tortura, na modalidade “castigo”; 2) homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima; e 3) ocultação de cadáver.
No entendimento do MP, as duas são responsáveis pelas agressões que Miguel sofria. Durante depoimento à Justiça, elas acusaram uma a outra.
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Promotor André Luiz Tarouco Pinto começou debate no Caso Miguel — Foto: TJRS/Reprodução
O MP mostrou aos jurados um caderno em que Miguel seria obrigado pela mãe a escrever frases autodepreciativas. “Eu não presto”, “eu sou ruim”, “não mereço a mamãe que eu tenho” são algumas.
O promotor André Pinto ainda recuperou que perícia no celular de uma das rés identificou pesquisas feitas na internet como “digitais humanas saem na água salgada do mar” (veja abaixo).
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Delegacia de Imbé divulgou conteúdo de pesquisas encontradas no celular de Yasmin — Foto: PC/Divulgação
Advogados pediram condenações mais brandas
A advogada Thaís Constantin, que sustentou aos jurados que Yasmin não agiu com intenção de matar o filho.
“Deve ser condenada pelo homicídio? Deve, mas homicídio culposo, não doloso. O dolo direto, a intenção dela. Nessa cadeia sucessiva de atos passa muito longe do que Yasmin fez. Muito longe”, disse.
Logo em seguida, a defesa de Bruna iniciou sua manifestação. O advogado Ueslei Natã Dias Boeira também pediu a condenação de sua cliente, mas só pelos crimes de tortura e ocultação de cadáver.
“Ela tem que ser condenada com base naquilo que ela fez. E o que que a Bruna fez? Já antecipo que a defesa vai pedir a condenação da Bruna pela tortura e pela ocultação do cadáver”, disse o advogado.
Segundo dia de julgamento do “Caso Miguel”
Como foi o primeiro dia
Caso Miguel: mãe chora ao contar que levou filho morto até rio e diz que é ‘um monstro’
No primeiro dia, as duas rés, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e Bruna Nathiele Porto da Rosa, foram interrogadas.
Yasmin admitiu ter agredido o filho e dado a dose de remédio que deixou o menino desacordado no dia da morte. Questionada pela própria defesa se merecia ser condenada, a ré respondeu: “óbvio”. A mãe de Miguel chorou durante o interrogatório.
“Eu sou um monstro. Na verdade, eu sou muito monstro. Porque, se eu estou aqui hoje, é porque eu errei pra caramba. Se eu tô aqui, tá todo mundo aqui, é porque eu fui péssima como mãe, como ser humano. Mas eu jamais imaginei que que ela pudesse fazer isso”, disse.
Já Bruna admitiu participação na tortura psicológica e na ocultação do cadáver de Miguel. A madrasta também disse que acompanhou Yasmin no momento em que o corpo do menino foi lançado no Rio Tramandaí.
“Eu tenho a ver com a tortura e a ocultação, a morte não”, disse.
O júri também ouviu testemunhas do caso, como policiais militares que atenderam a ocorrência, o delegado que investigou o crime e as proprietárias dos imóveis onde as acusadas moraram.
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Caso Miguel: Mãe e madrasta chegam para julgamento em Porto Alegre — Foto: RBS TV/Divulgação