Polícia
Foto: Renan Mattos / Agencia RBS

Os policiais militares investigados pela tortura de Vladimir Abreu de Oliveira, 41 anos, morador do Condomínio Princesa Isabel, em Porto Alegre, teriam ficado cerca de 40 minutos cometendo agressões contra o homem, de acordo com o relatório do inquérito policial militar (IPM). Ainda segundo informações do no IPM, obtidas pela reportagem da RBS TV, o GPS mostra que a viatura utilizada pelos PMs ficou parada 42 minutos na ponte do Guaíba. Neste local, o corpo de Vladimir teria sido arremessado na água.

O fato aconteceu em maio deste ano e motivou um protesto que acabou com dois ônibus queimados na Capital. Entre os PMs investigados, estão o sargento Felipe Adolpho Luiz e o soldado Lucas da Silva Peixoto, ambos detidos no presídio da corporação. Eles devem ser ouvidos ainda nesta semana pela Polícia Civil em inquérito que transcorre em paralelo à investigação da própria Brigada Militar.

“As lesões foram produzidas enquanto ainda estava vivo e que, quando teve contato com a água, já estava morto, o que reforça ainda mais os indícios no sentido de que, ao perceberem que Vladimir estava morto, os investigados, ‘no desespero da situação’, tentaram ocultar seu cadáver o arremessando da ponte do vão móvel do Guaíba”, diz trecho do relatório.

O relatório do IPM também inclui o laudo de necropsia, que indica que Vladmir morreu em razão de politraumatismo. A investigação da BM teve o depoimento de 10 pessoas, entre moradores, vizinhos e policiais da Força Tática do 9º BPM.

O corregedor-geral da Brigada Militar, coronel Vladimir Luís Silva da Rosa, garante que todas as providências foram tomadas do ponto de vista da apuração do caso e que a ação violenta dos policiais não se explica no contexto analisado.

— Quando se tomou conhecimento, começamos uma investigação e buscamos quem fez a abordagem. Verificamos câmeras, identificamos as viaturas e chegamos ao resultado. Após a investigação, não ficou clara a motivação pra que houvesse uma ação desse tipo — afirma.

Indiciamentos

Segundo a investigação da Corregedoria, dois PMs foram indiciados por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver, um por tortura por omissão, um por prevaricação e um por omissão de socorro. (Veja abaixo)

  • 2º Sargento Felipe Adolpho Luiz: tortura seguida de morte e ocultação de cadáver (preso preventivamente)
  • Soldado Lucas da Silva Peixoto: tortura seguida de morte e ocultação de cadáver (preso preventivamente)
  • Soldado Maicon Brollo Schlumpf: tortura por omissão
  • Soldado Dayane da Silva Souza: prevaricação
  • Soldado Bruno Pinto Gomes: omissão de socorro

Contrapontos

O 2º sargento Felipe Adolpho Luiz e o soldado Lucas da Silva Peixoto estão presos preventivamente. O advogado Mauricio Adami Custódio diz que “os policiais estão presos sem nenhuma justificativa racional”. Segundo ele, as prisões são “resultado de uma pressão sobre a instituição”.

O advogado Fabio Silveira, que representa o soldado Maicon Brollo Schlumpf, disse que “a defesa está estudando a solução do IPM para planejar o próximo passo”.

Os representantes da soldados soldados Dayane da Silva Souza e Bruno Pinto Gomes não retornaram os contatos da reportagem.

Em nota enviada à imprensa, a BM afirmou que “lamenta profundamente o ocorrido e destaca que repudia e não pactua com quaisquer abusos ou desvios de conduta por parte de seu efetivo”.

Inquérito na Polícia Civil

A investigação da Polícia Civil se baseia nessas informações e é comandada pelo delegado André Luiz Freitas, da 4ª DHPP. Segundo ele, Felipe e Lucas serão ouvidos até o fim desta semana. Foi solicitado acesso ao histórico de localização dos celulares dos brigadianos.

Conforme o delegado, a família de Vladmir afirma que ele era dependente químico, mas não tinha envolvimento com a criminalidade.

— O último registro de antecedente criminal dele era de 2008, mas isso não elimina a possibilidade de que houvesse algum envolvimento recente. Mesmo assim, não justificaria o que aconteceu — salienta Freitas.

Entre os demais envolvidos, um já foi ouvido e os outros dois prestarão depoimento na semana que vem. A expectativa da Polícia Civil é de concluir o inquérito até o final do mês.

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Gaúcha ZH