Polícia
Foto: Redes sociais

O influenciador e humorista Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, foi preso pela Polícia Civil neste domingo (14) na praia de Jurerê, em Florianópolis, em Santa Catarina. Na última sexta (12), ele havia sido alvo de uma operação do Ministério Público do Rio Grande do Sul por suspeita de lavagem de dinheiro.

Segundo a Polícia Civil gaúcha, Nego Di passou por audiência de custódia e será transferido para o Rio Grande do Sul ainda neste domingo. Em nota divulgada no fim da tarde, os advogados do influenciador afirmaram que “a defesa está tomando todas as medidas legais cabíveis”, e destacaram a importância do princípio constitucional da presunção de inocência, “que assegura a todo cidadão o direito de ser considerado inocente até prova em contrário”.

A Polícia Civil convocou uma entrevista coletiva para atualizar as informações sobre a investigação. Acompanhe:

Após esclarecimentos, coletiva de imprensa é encerrada no Palácio da Polícia, em Porto Alegre.

Delegados descartam, por enquanto, participação de Gabriela Sousa, esposa de Nego Di, no esquema da loja virtual.

Anderson Boneti, sócio do Nego Di, considerado foragido pela polícia, segue sendo procurado.

— Foram ouvidas dezenas de vítimas — explica Reschke sobre a investigação.

— Ele está sendo preso preventivamente. Terá a chance de se defender — diz o delegado Cristiano Reschke.

Segundo a polícia, Nego Di está a caminho do RS. Ele deve chegar por volta das 22h. O humorista deve ser recolhido na Penitenciária de Canoas (Pecan).

A empresa tinha um prazo de entrega de 50 dias, considerado acima do normal. Segundo a polícia, muitas vítimas relataram que, por não receberem os itens, tiveram que arcar com um novo custo para uma nova compra do mesmo produto.

— Eles criam essa empresa, sediada na internet. E a partir dessa empresa, eles começam a vender diversos produtos abaixo do preço de mercado, fazendo diversas vítimas — explica o delegado Marco Guns sobre a “Tadizuera”, que operou entre 18 de março e 26 de julho de 2022. A empresa era de Nego Di e do sócio dele, Anderson Boneti.

O delegado também explica que as vítimas confiaram em Nego Di em razão da sua expressividade nas redes sociais.

— Nesta fraude foi utilizada os conhecimentos, a sua influência nas redes sociais para atrair as vítimas — diz Sodré sobre Nego Di.

Sodré diz que investigação iniciou em 2022 por denúncias de que produtos vendidos em site não eram entregues. São cerca de 370 vítimas.

— Podem surgir mais — declarou o chefe de Polícia.

Tem início a coletiva de imprensa

Foto: Luiz Dibe / Agência RBS

Além de Sodré, a diretora do Departamento de Polícia Metropolitana, delegada Adriana da Costa, o delegado regional Cristiano Reschke e o delegado Marco Guns prestarão informações sobre “diversos inquéritos” envolvendo o influenciador.

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Auditório do Palácio da Polícia está preparado para a coletiva de imprensa sobre prisão do influenciador Nego Di. Chefe de Polícia, delegado Fernando Sodré, conduzirá o trabalho.

Luiz Dibe / Agência RBS

Os advogados de defesa de Nego Di afirmaram, em nota, que “estão tomando todas as medidas legais cabíveis”. O texto destacou a importância do princípio constitucional da presunção de inocência, “que assegura a todo cidadão o direito de ser considerado inocente até prova em contrário”.

Os repórteres Felipe Backes, da Rádio Gaúcha, e Luiz Dibe, da Zero Hora, estão acompanhando a coletiva.

Em instantes, tem início a coletiva de imprensa da Polícia Civil gaúcha para atualizar informações sobre o caso Nego Di.

O influenciador foi preso neste domingo (14) na praia de Jurerê, em Santa Catarina, pelo crime de estelionato.

Em postagem no Instagram por volta das 17h, a esposa de Nego Di, Gabriela Sousa, escreveu:

“Aos fãs e amigos, Nego Di está bem. Assim que possível, me pronunciarei”.

prisão do influenciador aconteceu no bairro Jurerê Internacional, área nobre da capital catarinense, pela manhã. A esposa dele chegou a ser presa na sexta-feira (12) durante operação do MP com arma de uso restrito das Forças Armadas, sem registro,  mas pagou fiança de R$ 14 mil e foi solta. 

A Justiça do Rio Grande do Sul decretou a prisão de Nego Di pelo crime de estelionato. Ele é suspeito de lesar pelo menos 370 pessoas com a venda de produtos por meio de uma loja virtual da qual é proprietário – mas segundo relatos dos clientes, os produtos nunca foram entregues. 

A investigação da Polícia Civil indica que a movimentação financeira em contas bancárias ligadas a ele na época, em 2022, passa de R$ 5 milhões.

O sócio de Nego Di na empresa, Anderson Boneti, também teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele foi preso na Paraíba em 25 de fevereiro de 2023, mas solto dias depois.

A loja virtual “Tadizuera” operou entre 18 de março e 26 de julho de 2022 – ocasião em que a Justiça determinou que ela fosse retirada do ar. Nego Di fazia a divulgação dos produtos à venda em seus perfis nas redes sociais. Eram aparelhos de ar-condicionado e televisores, muitos deles com preços abaixo dos de mercado – uma televisão de 65 polegadas, por exemplo, era vendida a R$ 2,1 mil.

Parte dos seguidores, que hoje passam de 10 milhões, comprou os produtos, mas nunca recebeu, de acordo com a Polícia Civil. A investigação aponta que não havia estoque, e que Nego Di enganou os clientes prometendo que as entregas seriam feitas, apesar de saber que não seriam. Ainda assim, movimentou dinheiro que entrava nas contas bancárias da empresa.

A Polícia Civil afirma que tentou por diversas vezes intimar Nego Di para prestar esclarecimentos, mas ele nunca foi encontrado.

As autoridades policiais estimam que o prejuízo dos 370 clientes lesados seja superior a R$ 330 mil, mas como as movimentações bancárias são milionárias, a suspeita é de que o número de vítimas do esquema possa ser ainda maior, só que essas pessoas não procuraram a polícia para representar criminalmente contra o influencer.

Promoção de rifas virtuais

Com prêmios atraentes, como dinheiro instantâneo via PIX, celulares, videogames e até carros, Nego Di encontrou em sorteios virtuais uma forma de engajar o público e ganhar dinheiro. No entanto, a ação resultou em um esquema que configura lavagem de dinheiro, segundo o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP).

Em uma das promoções, o influenciador gaúcho anunciou:

“Seguinte, internautas: 30 mil no Pix, mais um iPhone 15 + 1 PlayStation 5 por apenas 15 centavos, e já foi 50%. E o que mais tem pra quem tá achando tendo pouco? É mil na hora no Pix, pai. Compra rápido, porque isso aí já tá assim, ó, se encaminhando pra finaleira. Resultado pela loteria federal e sem trampa vai tudo f*…”.

As promoções envolveram também a oferta de uma Porsche, anunciada da seguinte forma pelo influenciador: “A Porsche pode ser tua por apenas 0,99 centavos. Vai levar essa pra casa com 10 bilhetes premiados valendo 10 mil cada”.

O que parecia ser uma oportunidade de prêmios acessíveis se transformou em uma investigação. Em janeiro, ao promover o sorteio de um carro de luxo blindado, Nego Di chamou a atenção do MP. Na sexta-feira (12), ele e a esposa, Gabriela Sousa, foram alvos de uma operação que aconteceu em Santa Catarina. A mulher foi presa em flagrante, mas pagou fiança de R$ 14 mil e foi liberada.

Em nota, os advogados do casal afirmam que não tiveram acesso aos autos dos inquérito.

A investigação revelou que os depósitos dos sorteios de Nego Di eram canalizados para contas vinculadas à sua esposa, empresas em nome do casal e até parentes. A movimentação financeira chegou a R$ 2,6 milhões.

Segundo o promotor de Justiça da 8ª Promotoria de Justiça Especializada Criminal, Flávio Duarte, o esquema caracteriza lavagem de dinheiro. De acordo com ele, “todos os valores oriundos das rifas realizadas por esse influenciador são ilícitos”:

— Esses valores ingressavam inicialmente na conta de uma terceira pessoa, depois eventualmente retornavam para uma empresa e somente depois que já estavam incorporados na empresa, dando uma aparência de lícito e ao mesmo tempo se distanciando daquele valor que se sabia que era ilegal, oriundo de uma contraversão penal, ele adquiriu os bens. Todo esse mecanismo, toda essa dissimulação, esse distanciamento da origem delituosa configura o crime de lavagem de dinheiro — explica Duarte.

Os investigadores descobriram que Nego Di usou parte dos recursos para adquirir dois carros, avaliados em mais de R$ 630 mil.

O MP investiga se esse veículo foi sorteado e onde ele se encontra. O promotor ainda indica que não havia nenhum tipo de controle sobre as rifas e nem uma data para o sorteio.

— No meio da ação (do sorteio), ele vendeu o veículo e não houve demonstração que tenha ocorrido um sorteio. Esse carro foi vendido dele diretamente por uma empresa parceira dele de negócios. Mesmo depois da venda desse veículo para uma revendedora, continuaram entrando nas contas dele valores referentes à rifa — esclarece Duarte.

Nota da defesa dos investigados

Em relação aos recentes acontecimentos envolvendo o humorista Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como NegoDi, gostaríamos de esclarecer que estamos tomando todas as medidas legais cabíveis. 

Destacamos a importância do princípio constitucional da presunção de inocência, que assegura a todo cidadão o direito de ser considerado inocente até prova em contrário. O devido processo legal deve ser rigorosamente observado, garantindo que o acusado tenha uma defesa plena e justa, sem qualquer tipo de pré-julgamento.

Pedimos à mídia e ao público que tenham cautela na divulgação de informações sobre o caso, uma vez que a ampla exposição de fatos ainda não comprovados pode causar danos irreparáveis à imagem e à carreira de NegoDi. 

Qualquer divulgação precipitada pode resultar em uma condenação prévia injusta, prejudicando sua honra e dignidade.

Hernani Fortini,. Jefferson Billo da Silva, Flora Volcato e Clementina Ana Dalapicula.

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