Denúncia
Pacientes acusam cirurgiã plástica de negligência. Foto: Reprodução/ RBS TV

A cirurgiã plástica Jeanine Ayub enfrenta pelo menos 30 ações judiciais na esfera cível, a maioria relacionada a alegações de negligências, danos morais e materiais, além de pedidos de devolução de valores.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) anunciou a instauração de sindicâncias para investigar a conduta da médica. A instituição, entretanto, não divulgou o número exato de denúncias registradas contra a profissional.

A investigação está sob sigilo e pode levar até seis meses para ser concluída.

Infecções, falta de orientação e acompanhamento pós-operatório, além de problemas estéticos não corrigidos e sequelas são alguns dos problemas relatados à Polícia Civil pelas pacientes de Jeanine.

A reportagem ouviu nove pacientes operadas pela médica entre 2020 e 2024. Elas reclamam de complicações, após promessas de cirurgias de qualidade e com preços reduzidos.

“Sinto dores até hoje. Eu não posso usar calça jeans. Me dói muito. Eu fico muito inchada todos os dias. Ou seja, eu paguei pra sofrer. Antes eu tinha vergonha, agora eu sofro”, relata a cabeleireira Camila Ester Pereira da Silva, que passou pelos procedimentos de abdominoplastia e lipoaspiração.

A defesa de Jeanine Ayub ressalta que a médica já realizou mais de 1,3 mil cirurgias, que ela não possui condenações judiciais e que mantém o registro no Cremers regular. Além disso, também argumenta que a médica moveu ações judiciais contra elas por calúnia e difamação.

“Então eu entendo que teria os dois pontos, tanto a ideia de se tentar algum dinheiro, extrair algum dinheiro da doutora Janine, como também uma insatisfação pelo resultado da cirurgia que para essas pacientes elas entendem que não é o melhor resultado do mundo. Agora, é interessante relatar que elas fizeram outras cirurgias e isso que precisa ser verificado, se foi realmente a cirurgia da doutora Janine ou se foi outras cirurgias realizadas”, diz o advogado Carlos Reverbel.

Além das ações civis e das sindicâncias no Cremers, oito vítimas também relataram os casos à Polícia. A investigação está sendo conduzida pela Delegacia da Mulher de Porto Alegre, que dará continuidade para entender a extensão das alegações e possíveis responsabilidades.

“Todas (as mulheres) foram encaminhadas a exame de corpo e delito e a gente necessita do resultado desses exames para que a gente possa aferir se são lesões culposas, leves, ou até pelas fotos e relatos, lesões graves”, explica a delegada Tatiana Bastos.

A advogada Gabriela Von Diemen, que representa três das mulheres atendidas pela médica, aponta que os problemas vão além das complicações. Segundo ela, há questões envolvendo pagamentos sem recibo, ausência de contrato e negligência no atendimento.

“Nesses processos, o pedido de dano estético, ele nem é o foco principal da ação. O foco principal da ação é o dano material, que é o valor que elas despenderam, né? O dano moral, porque o psicológico delas ficou totalmente abalado”, diz Gabriela.

Após uma consulta com a médica, a paciente Desirê Sirencrantes, representante comercial, ficou encantada com as promessas de múltiplos procedimentos cirúrgicos, incluindo cirurgia das pálpebras, aumento dos seios e lipoaspiração.

A paciente conta que enfrenta problemas com a cirurgia dos seios, realizada em 2022, com pontos abertos e cicatrizes visíveis.

“Eu tenho pontos abertos até hoje no seio. Esse meu seio aqui, na verdade os dois são irreconhecíveis, assim, não tem mamilo, não tem nada, é só cicatriz. E muita pele, é extremamente caído. A volta dele, assim, é só cicatriz, e embaixo eu tenho pontos abertos”, conta Desirê.

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