Segurança
Foto: PC/Divulgação

A Polícia Civil investiga a morte de um idoso que vivia no asilo interditado após decisão judicial em Canoas, na Região Metropolitana. O homem teria sido agredido na segunda-feira (23) e morreu na quarta (25).

Segundo o delegado Mauricio Barison Barcellos, a suspeita é de que o idoso seria vítima de maus-tratos.

“Vamos investigar esse falecimento porque, com certeza, os maus-tratos, o estresse, as agressões devem ter somatizado e contribuído para essa morte desse senhor”, diz.

As cuidadoras Carla da Silva Castro e Tatiane Zepellini foram presas em flagrante na sexta-feira (27) por suspeita de tortura e maus-tratos. Elas passaram por audiência de custódia no sábado (28), e a Justiça converteu as prisões para preventivas.

Segundo a Polícia Civil, Carla seria a cuidadora que trabalhava no asilo usando tornozeleira eletrônica. Ela cumpre uma medida alternativa por um suposto envolvimento com o tráfico de drogas.

A defesa de Carla afirma que a cliente não teve participação nas agressões e que a prisão dela é uma injustiça. Já a defesa de Tatiane afirma que a cuidadora é inocente.

Uma outra frente de investigação analisa como eram administrados os medicamentos que os idosos tomavam. O delegado vai solicitar receitas médicas e outros documentos sobre esses procedimentos.

A dona da instituição prestou depoimento à Polícia Civil ainda na sexta. A Prefeitura de Canoas afirmou que o asilo não tem convênio com o município e que nada de suspeito havia sido identificado no local na última fiscalização periódica, em julho.

‘Vou matar esse velho’

Áudios divulgados pela Polícia Civil mostram ameaças que seriam dirigidas a idosos internados no asilo. Nas gravações, é possível ouvir pessoas dizendo frases como “não te levanta que tu vai apanhar”, “nós vamos botar ele na cadeira amarrado lá no quarto” e “esse vai tomar muito pau”.

“Eu vou matar esse velho. Eu vou me enfurecer, eu vou dar nele até dizer chega! Vamos! Vamos! Para de se fazer de louco!”, diz uma cuidadora no áudio.

Para o delegado, essas gravações e os depoimentos dos idosos são indícios fortes de crime.

“Os idosos nos relataram que eram agredidos constantemente e durante anos, até a nossa ação, por xingamentos, ameaças de agressões e agressões físicas graves que ultrapassam maus-tratos e são configuradas como tortura”, afirma Barcellos.

Segundo o MP, a ação foi levada à Justiça após uma vistoria realizada no local. Na ocasião, um dos idosos entregou um pendrive contendo áudios de maus-tratos contra os residentes.

“O relato do idoso 1, que foi ouvido hoje, trazia indícios, relatos de que as cuidadoras batiam a cabeça de uma pessoa na parede, que gritava, pedia socorro. Diante disso, nós nos deslocamos até o último cômodo da casa. E estava lá uma das idosas em estado de semiconsciência, babando e meio delirando, e com muitos hematomas na cabeça”, afirma a promotora Melissa Marchi Juchen.

A promotora informou que as famílias dos idosos não tinham conhecimento do que aconteceria dentro do asilo.

Oito idosos com idades entre 70 e 90 anos moravam na instituição de longa permanência interditada no bairro Rio Branco. Alguns deles voltaram para as famílias, enquanto os demais vão ser encaminhados para outras instituições de longa permanência do município.

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G1 RS