O padre preso na segunda-feira (9) por suspeita de estupro de vulnerável em Guaíba e em Porto Alegre já havia recebido uma advertência da Igreja Católica por comportamento inadequado com crianças enquanto atuou na Paróquia São Carlos, no bairro Partenon, em Porto Alegre.
À época, em 2021, Diego da Silva Correa foi investigado pela Igreja e pela Polícia Civil, mas não houve comprovação de crimes. Agora, depois das suspeitas que surgiram em Guaíba, uma jovem que era coroinha na São Carlos, na Capital, registrou ocorrência de estupro de vulnerável contra ele.
Em 2020, aos 13 anos, ela teria sido obrigada a praticar sexo oral com o padre, enquanto ocorria uma festa na paróquia. Ela contou ter sido levada a um local ermo. Decidiu relatar o susposto fato agora depois de saber do que ocorreu em Guaíba.
Com base nos dois casos, o delegado Fabiano Berdichevski, que responde pela Delegacia de Guaíba, pediu a prisão preventiva do padre. Segundo o delegado, por ter acesso a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, Diego representa risco a eventuais novas vítimas se estiver em liberdade.
Zero Hora apurou que depois de ser investigado por suspeitas envolvendo crianças da comunidade São Carlos, na Capital, Diego foi transferido para Guaíba, em outubro de 2022, e colocado em “estado de vigilância” pela Igreja. Isso significa, segundo a Comissão Arquidiocesana de Promoção e Tutela de Crianças, Adolescentes e Pessoas Vulneráveis, que o sacerdote fica sob observação, tem atitudes analisadas pela própria comissão. Além disso, são feitas visitas à comunidade para conversar sobre como está a atuação do padre.
A comissão não soube de qualquer problema até Diego ser preso pela primeira vez, na quinta-feira, 28 de novembro. Ele estava sendo investigado por estupro de vulnerável pela polícia de Guaíba. Como parte dessa investigação, foi pedido mandado de busca e apreensão para a residência do sacerdote, que atuava na Paróquia Nossa Senhora de Fátima.
Policiais encontraram dentro do roupeiro dele dois pendrives contendo imagens de “natureza lasciva, mostrando crianças em ensaios sensuais usando roupas íntimas”, tendo ao menos duas fotografias com a exposição dos órgãos sexuais de crianças. Por isso, o padre foi preso em flagrante, mas acabou solto logo depois de passar por audiência de custódia.
Nova ocorrência
Depois disso, na segunda-feira, 2 de dezembro, uma jovem procurou a polícia em Porto Alegre para registrar ocorrência de estupro de vulnerável contra o padre. O fato teria ocorrido em 2020, quando ela tinha 13 anos e Diego atuava na Paróquia São Carlos, na Capital. Foi nesta mesma comunidade que, em 2021, surgiram suspeitas em relação a atitudes do padre com crianças de famílias pobres que recebiam doações da paróquia. Houve relatos de muita proximidade, de meninas vistas sentadas no colo do sacerdote, usando o celular dele ou andando de carro com ele sem a presença de um adulto, situação que a Igreja proíbe.
Também foi relatado que crianças frequentavam a casa paroquial em horários em que apenas o padre estava no local. Uma pessoa que atuava na igreja contou ter visto uma menina usando apenas calcinha e sutiã dentro da sacristia com Diego, enquanto ele a ajudava a colocar a roupa de coroinha. Os relatos foram levados à Igreja e uma investigação prévia foi feita, mas não ficou confirmado nenhum crime.
O assunto chegou à polícia, à época, pelo Disque 100 do governo federal, e uma investigação foi aberta. Conforme a Comissão Arquidiocesana de Promoção e Tutela de Crianças, Adolescentes e Pessoas Vulneráveis, as suspostas vítimas passaram por perícias físicas e psicológicas e não houve elementos concretos de que algum abuso tivesse ocorrido. Com isso, o inquérito foi arquivado.
As suspeitas criaram mal-estar na comunidade da Paróquia São Carlos e Diego acabou transferido. Depois da prisão em flagrante, a Arquidiocese de Porto Alegre afastou o padre das funções (leia nota abaixo).
Zero Hora tenta contato com a defesa do padre Diego da Silva Correa. O espaço está aberto para manifestação.
Nota da arquidiocese de Porto Alegre
“A Arquidiocese, ao tomar conhecimento da prisão do padre e sobre as suspeitas impetradas a ele, decretou a imediata suspensão do Uso de Ordens. Manifestamos nosso compromisso com a verdade, a justiça e a proteção da dignidade de todas as pessoas, especialmente das crianças e adolescentes. A Igreja condena veementemente qualquer forma de crime e coopera integralmente com as autoridades na apuração dos fatos. A Igreja não pode aceitar quaisquer tipos de comportamentos contrários aos princípios da moral e ética cristã. Neste momento, pedimos orações por todos os envolvidos e reafirmamos nosso compromisso com a transparência, a ética e o respeito à dignidade humana.”
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Gaúcha ZH