A defesa de Deise Moura dos Anjos, 42 anos, afirmou na noite desta terça-feira (21) que contratará peritos criminais particulares para examinar documentos e exames já feitos no escopo da investigação do caso sobre quatro familiares que supostamente morreram após ingerirem alimentos contaminados com arsênico, um composto chamado de rei dos venenos. Ela está presa presa desde 5 de janeiro.
Em nota enviada a reportagem, o advogado de Deise diz ainda que obteve acesso aos laudos preliminares do Instituto-Geral de Perícias (IGP) sobre os óbitos ocorridos em Torres, no Litoral Norte, após familiares degustarem um bolo de reis na antevéspera do Natal. As análises constaram a presenta de arsênio na farinha usada no preparo da sobremesa.
Ainda conforme a nota, os documentos sobre a exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise, também foram entregues à defesa da suspeita. Ele morreu em setembro do ano passado, três meses antes das outras vítimas, após uma suposta intoxicação alimentar.
Os restos mortais de Paulo foram periciados para verificar a ligação entre os casos e exames também constataram a presença do veneno. A investigação da polícia identificou que dois dias antes de o sogro de Deise morrer, ela teria levado banana e leite em pó para casa dele e da sogra, Zeli Teresinha dos Anjos.
A nota ressalta também que a defesa de Deise ainda não obteve os laudos referentes às análises em materiais coletados do filho e do marido da suspeita, “razão pela qual no momento não há judicialização das supostas novas vítimas”, diz o texto. Exames detectaram resíduos de arsênio na urina de ambos.
“Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito”, encerra a nota.
Entenda o caso
Em 23 de dezembro do ano passado, seis pessoas da mesma família precisaram de atendimento médico após comer fatias de um bolo de reis em Torres, no Litoral Norte.
As irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 59, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47, filha de Neuza, morreram.
O bolo foi preparado por Zeli Teresinha Silva dos Anjos, 61. Após comer duas fatias, Zeli passou mal e foi internada na UTI do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres, onde ficou 19 dias.
Um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, também ficou hospitalizado, mas foi liberado após alguns dias.
Jefferson Luiz Moraes, 60 anos, marido de Maida, foi liberado após atendimento médico. O marido de Neuza também estava na confraternização, mas não comeu o bolo.
Após as suspeitas da polícia sobre Deise, a investigação pediu a exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos, marido de Zeli, que morreu em setembro. À época, a causa da morte foi atestada como intoxicação alimentar, mas a exumação confirmou o arsênio como causa da morte de Paulo.
Confira a nota da defesa de Deise na íntegra:
“A defesa da acusada Deise, representada pelo escritório Cassyus Pontes Advocacia, vem se manifestar no sentido de que houve acesso aos laudos preliminares do IGP, quanto aos fatos ocorridos na Comarca de Torres, bem como o da exumação do corpo do Sr. Paulo Luiz dos Anjos.
Desta forma, já há contato com peritos criminais particulares para avaliação da documentação oficial e notícias veiculadas pelos meios midiáticos.
Entretanto, não há ainda a disponibilidade dos laudos referentes ao filho de Deise dos Anjos e seu companheiro, razão pela qual no momento não há judicialização das supostas novas vítimas.
Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito.
Cassyus Pontes Advocacia”.
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Gaúcha ZH