Denúncia
Foto: Ilustração

“Gostaria de relatar um fato que ocorreu comigo aqui na cidade na sexta feira.

Quero dizer até quando vai o racismo das pessoas aqui em nossa cidade a indiferença por que nos que somos negros e de classe baixa sentimos a indiferença no qual somos tratados.

Sexta fui até o sine para preencher a vaga de recepcionista de uma ().

Fui ate a () quando entrei já senti a indiferença o olhar de desprezo sobre mim.

Na vaga dizia que precisaria ser recepcionista ser simpática.

Quando o moço veio pra me entrevistar me olhou como se fosse uma qualquer pessoa que não lhe serviria.

Senti a indiferença nele assim que coloquei meus pés quando ele e uma mulher se olharam.

Ele me disse se eu tinha experiência na cozinha falei que não pois a vaga era de recepcionista me tratou com toda frieza mesmo assim eu na inocência me mantendo firme fui simpática e disse que eu faria o que fosse preciso pra preencher a vaga se tivesse que ir nos feriados eu iria a noite também.

Mas com toda a indiferença deles me olhou e disse que ia analizar melhor e me ligaria.

Quando cheguei eu comentei com meu esposo e disse essa vaga nunca vai ser minha.

Ele me olhou com desprezo quando uma pessoa de cor não pode estar atrás de um balcão.

Pois se algo de errado acontecer a culpa vai cair sobre ela.

Até quando vamos viver em uma sociedade onde nossas origens nos empedem ter um trabalho digno um trabalho bom.

Já entreguei corriculo em toda essa cidade mas ninguém até hoje me deu uma oportunidade de mostrar que eu posso que consigo.

Não estou me fazendo de vítima mas até quando nos de cor vamos ter que ficar com a parte de ser faxineira não desmerecendo nenhuma pois é trabalho.

Até quando vamos ter que ficar com trabalhos que só servem pra pessoas que não se encaixam na sociedade?

Quando terei oportunidade de poder ter um trabalho digno de dar um futuro bom ao meu filho.

O que eu direi a ele no futuro que ele vai conseguir um trabalho bom na cidade de Três Passos que as pessoas são tratadas iguais?

Não elas não são tratadas iguais até hoje não vi nenhuma pessoa de cor nesse comércio.

Muito menos nos emergenciais da prefeitura.

O que acontece nessa cidade racista?

O que as pessoas de cor e classe baixa tem que não se encaixa no comércio?

Por que não há oportunidades melhores pra nós que realmente precisamos?

Esse é um desabafo de uma pessoa de 27 anos que nunca trabalhou no comércio nunca teve um emprego bom nunca foi vista dentro de um local de trabalho que realmente é visto pela sociedade.

Somos a parte de fora pois não servimos pra ser bem vistos nas lojas mercados padarias sorveterias.”

Pesquisa constata discriminação racial recorrente no mercado de trabalho

O caso desta moradora de Três Passos, que nesta terça-feira, 3, enviou o que ela chamou de “desabafo” ao Três Passos News, chama a atenção para a forma como a discriminação racial está atrelada ao mundo do trabalho e estabelece estruturas de hegemonia que vinculam negros a postos de serviço subordinados, social e economicamente inferiores. Conforme reportagem do jornal O Estado de Minas, é o que explicam especialistas e mostram dados de institutos de pesquisa. Para se ter ideia, os últimos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre o quarto trimestre de 2016, revelaram que a taxa de desemprego permanece maior entre negros e pardos, que também têm salários mais baixos. Na ocasião, a renda média real recebida pelas pessoas ocupadas no país foi estimada em R$ 2.043. O rendimento dos brancos era de R$ 2.660 (acima da média nacional), enquanto o dos pardos ficou em apenas R$ 1.480 e o dos trabalhadores que se declaram pretos esteve em R$ 1.461.