Ana* não tem redes sociais, evita citar o nome dos homens com quem se envolve e prefere conversar pelo chat do e-mail do trabalho do que pelo Whatsapp. As mensagens são trocadas sempre em horários combinados e os encontros precisam ser logo antes ou depois do serviço e ter no máximo 1h30 de duração. Tudo para que seu marido não descubra a traição.
Casada há 22 anos, a carioca, que não quis ter o nome revelado, conta que com o desgaste do casamento e autoestima baixa se sentia infeliz e, por isso, resolveu procurar um parceiro extraconjugal no ano passado. Depois que passou a se envolver com outros homens, ela jura que sua relação com o marido ficou muito melhor. “Mas ele nem imagina! Ele jamais aceitaria uma traição ”, afirma.
Sem a menor pretensão de contar ao marido sobre os amantes, Ana toma todos os cuidados para esconder os casos que tem fora do casamento . “Prefiro conversar por e-mail, durante o expediente, e não tenho nenhum contato salvo no meu celular. Guardo tudo por escrito em uma agendinha, que fica no trabalho”, pontua.
“Até pensei em comprar um aparelho só para guardar os telefones e conversar com mais privacidade, mas ainda não fiz isso”, conta ela, que deletou o Facebook para evitar constrangimentos. “Meu marido é muito ciumento e já costumava cismar com todo mundo, então saí de todas as redes sociais. Foi melhor. Vai que…”.
No caso de Ana, é mais fácil manter as relações em sigilo já que ela usa um site próprio para pessoas casadas que desejam trair, o que faz seus parceiros terem consciência da necessidade da discrição. “Como eles entendem a situação, é muito mais fácil. A gente combina os horários e onde vamos nos falar, assim ninguém atrapalha a vida do outro”.
Paul Keable, Diretor de Estratégias da Ruby, empresa-mãe da Ashley Madison, site usado por Ana para encontrar amantes, fala que os usuários contam com uma variedade de etapas diferentes para garantir que o caso deles não seja descoberto.
“Eles podem criar um novo e-mail e usá-lo para se tornar um membro da Ashley Madison. Eles só podem verificar sua caixa de entrada em determinados momentos do dia, quando eles sabem que seu cônjuge não está por perto – geralmente, quando estão no trabalho”, diz Paul.
Segundo o Diretor de Estratégias, os amantes combinam os melhores momentos do dia e dias da semana para se comunicar um com o outro. Nos encontros ao vivo, eles costumam planejar com antecedência, sempre usando algo como álibi, para que seu cônjuge não suspeite.
“Às vezes eles falam que estão trabalhando até tarde, vão à academia, sair com amigos ou qualquer coisa que não seja incomum de estarem fazendo”, complementa.
O site também possui vários recursos diferentes para seus membros terem mais privacidade e segurança. “Eles podem fazer upload de fotos privadas e usar as ferramentas de mascaramento para que tenham controle sobre quem tem acesso para visualizar suas fotos. Eles criam um nickname, muitas vezes, um nome que não revela sua verdadeira identidade e têm a capacidade de se envolver apenas com outros membros com os quais desejam se envolver”, finaliza.
Mas nem sempre as pessoas que estão tendo um caso extraconjugal têm o respaldo de tantas ferramentas criadas especialmente para isso. Maria*, que também não quis revelar a identidade, fala que costuma conhecer seus parceiros em bares e baladas, e nem sempre conta a eles que é casada.
“Quando há um envolvimento maior, acabo contando. Mas nem sempre sinto essa necessidade. Como moro em uma cidade diferente da do meu marido, tenho algumas coisas a meu favor. O problema maior é com as redes sociais, mensagens e ligações. Aí nem sempre é fácil esconder os sinais de traição ”, afirma.
Maria é casada há 7 anos e há pelo menos 2 anos se relaciona com outras pessoas fora do matrimônio. Ela conta que seu parceiro já chegou a desconfiar e quase pegou mensagens comprometedoras em seu celular. “Costumo dizer que a tecnologia pode ser uma aliada ou um ‘dedo-duro’. Ao mesmo tempo que ela pode facilitar a conversa com outros homens, também podem me entregar”, analisa.
Depois de quase ter sido descoberta, ela passou a tomar mais cuidado. “Uso alguns aplicativos que bloqueiam certos conteúdos do meu celular e excluem o histórico de todas as minhas conversas e pesquisas. No meu Fecebook, quase tudo é bloqueado para pessoas que não são minhas amigas e costumo ter um perfil fake para falar com alguém que estou interessada.”
Os encontros ao vivo também são sempre em locais diferentes e discretos. “Procuro lugares longe da minha casa, um hotel ou até mesmo a casa da pessoa”, relata.
Uma pesquisa feita com 1.600 usuários da Ashley Madison mostra que, assim como Maria, 77% deles dizem gostar de mudar o local e ir a lugares diferentes quando encontram alguém pela primeira vez.
O lugar preferido para um primeiro encontro é um café, de acordo com 42% dos entrevistados. Metade dos adúlteros também afirmam esperar até o início da noite para se encontrar com um parceiro pela primeira vez. Restaurantes, bares, parque e até dentro do carro são alguns dos locais mais comuns para o date inicial no caso de uma traição.
Delas – iG