Uma mulher que vive em Piracicaba, no interior de São Paulo, ganhou o que pode ser considerado um presente pra lá de emocionante. Cega, Carla Andressa Framthi Neves recebeu uma impressão em 3D de uma imagem em que ela aparece ao lado da filha. Esta é a primeira vez que ela será capaz de sentir o rosto da menina desde que a pequena veio ao mundo, há cinco anos. É que a mãe escolheu perder a visão para manter a gravidez que trouxe a garota ao mundo. O caso viralizou pelas redes sociais nos últimos dias.
Uma professora da ONG Avistar foi quem teve a ideia de presentear Carla.
“Quando eu passei a mão para ‘ver’ a foto e eu senti o rostinho dela, eu me emocionei muito. Foi a primeira vez que eu passei a mão nela e também em mim, então eu fiquei muito emocionada”, contou a mulher de 30 anos ao G1.
Carla ficou grávida aos 25 anos em meio a um tratamento de diabetes, doença com a qual foi diagnosticada desde que tinha 6. O objetivo era impedir a cegueira que começava a tomar os olhos dela. O médico responsável avisou: o tratamento a laser pelo qual a mulher passava afetaria o feto e não poderia ser continuado. Ela precisou, então, decidir entre manter a gravidez e a própria visão.
Quando estava com seis meses de gestação, Carla pouco enxergava. Ainda assim, resolveu passar por uma cirurgia para tentar impedir que a cegueira fosse permanente, mas não teve jeito. Atualmente, ela tem apenas 5% de visão no olho direito, o que a permite ver apenas uma luz.
“Pra mim foi muito difícil, a escolha que eu tive que fazer. Ia mudar tudo, a rotina… o recomeço é difícil – é começar tudo de novo, só que de outra forma. É tentar esquecer aquela Carla que enxergava e viver a Carla que não enxerga hoje”, contou durante a entrevista. “Tem muita gente que fala que no meu lugar não teria coragem… Mas é por outra vida né, e uma que eu gerei. É um ato de amor”, explicou.
Repercussão
A história de Carla tem dado o que falar nas redes sociais desde que começou a circular, no último dia 8. Na maioria dos comentários, internautas elogiam a coragem e a doação da mulher para com a filha. Por outro, alguns problematizam o fato de que ela abriu mão de algo essencial pela filha e falam ainda em romantização da maternidade.
G1