Saúde
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O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos atualizou, nesta semana, a lista de sintomas de coronavírus com base na observação dos casos no país. Agora, além de febre, tosse e dificuldade para respirar, outros seis sinais podem ser indicativos de covid-19. 

Os novos sintomas incluem calafrios, tremores repetitivos com calafrios, dor de cabeça, dor de garganta, dor muscular e recente perda de olfato ou paladar. Conforme o CDC, eles podem aparecer de dois a 14 dias após a exposição ao vírus.

A inclusão dos sinais ocorre mais de três meses depois da confirmação do primeiro caso em solo americano e quase dois meses depois da declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dados da OMS atualizados nesta sexta-feira (1) apontam que os Estados Unidos ultrapassaram 1 milhão de casos de covid-19 e têm mais 55,3 mil mortes.

Conforme o Los Angeles Times, o CDC informou que a inclusão dos novos sintomas ocorreu após mudanças nas definições de caso adotadas pelo Council of State and Territorial Epidemiologists (CSTE), conselho de especialistas que atua em todo o território norte-americano e fornece informações técnicas para o CDC.

Perda de sentidos

Em função da repetição nos casos, a perda de olfato ou paladar já virou alvo de alguns estudos. Um deles, feito nos Estados Unidos e publicado no International Forum of Allergy & Rhinology Journal. O levantamento avaliou grupos de pacientes que apresentaram sinais semelhantes com os da gripe e que não foram hospitalizados, o que sugere um quadro leve da doença.

Destes, 59 haviam testado positivo para o coronavírus e 203, negativo. No grupo que teve coronavírus, a perda de olfato foi relatada em 68% dos casos, contra 16% do grupo sem coronavírus. Relatos de perda de paladar chegaram a 71% entre os que tiveram covid-19, frente a 17% dos que não tiveram. Ainda não publicado em um periódico, outro estudo também sugere uma relação entre a infecção pelo vírus e a perda de olfato e paladar. Conforme os autores, isso “é um forte preditor de ter sido infectado pelo coronavírus”. 

Entidades como a ENT UK, que representa os otorrinolaringologistas do Reino Unido, emitiu um comunicado alertando sobre as evidências da perda de olfato relacionada ao coronavírus. No texto, a instituição cita as observações feitas na China, Coreia do Sul e Itália, além da Alemanha, que reportaram muitos casos de anosmia (perda de olfato). De acordo com a ENT UK, pessoas que perdem esses sentidos poderiam ter a indicação de autoisolamento, mesmo sem apresentar nenhum outro sintoma condizente com o coronavírus.

Por aqui, a Academia Brasileira de Rinologia (ABR) e a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) também emitiram uma nota nesse sentido, dizendo que “ABR orienta que a presença de anosmia súbita (com ou sem ageusia e sem obstrução nasal concomitante) talvez possa sugerir covid-19 neste cenário de pandemia e transmissão sustentada do vírus SARS-CoV-2, e sugere que pacientes nestas condições sejam orientados a realizar isolamento domiciliar por 14 dias e aguardar a resolução da anosmia, que parece ser temporária na maioria dos casos”.

OMS mantém três grandes sintomas

O chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz, diz que todos esses sinais são auxiliares na hora de definir um caso suspeito de coronavírus. Ele explica que o conjunto de sintomas faz parte de um quadro de síndrome gripal aguda, no entanto, alguns indícios mais específicos chamam a atenção para a covid-19.

— Tem coisas que estamos vendo que são mais diferentes, como a perda do olfato e do paladar, que não estávamos acostumados a ver com a gripe. A febre, às vezes, não é tão necessária assim. As pessoas também relatam dores musculares e presença de diarreia, o que nos ajuda a pensar mais sobre coronavírus — afirma.

— Isso serve até para a gente entender que nem sempre é fácil o diagnóstico. Há pessoas com poucos sintomas. Tivemos um caso de pessoa com diminuição no olfato e paladar e um pequeno desconforto, como se fosse uma leve dor de cabeça. Algo muito inespecífico. É importante que as pessoas entendam que os sintomas não precisam ser algo mais grave — diz.

— A sociedade deve estar atenta aos sintomas e, na dúvida, buscar atendimento médico — conclui Ana Paula.

Para a OMS, os principais e mais comuns sintomas do coronavírus ainda são três: febre, tosse seca e cansaço. Outros oito, considerados menos usuais, também são destacados pelo órgão: dores, congestão nasal, dor de garganta, diarreia, conjuntivite, dor de cabeça, perda de olfato ou paladar, erupção cutânea ou descoloração dos dedos dos pés ou das mãos. Dificuldade para respirar, dor ou pressão no peito, perda da fala ou movimento são classificados pela OMS como sintomas sérios, que necessitam de atendimento médico com urgência. O Ministério da Saúde elenca tosse, febre, coriza, dor de garganta e dificuldade para respirar como os sinais mais comuns da covid-19.

GZH