Frame a frame, com o auxílio de programas específicos de vídeo, um grupo que estuda possíveis fenômenos ufológicos analisou em detalhes os 2min09seg da filmagem do vigilante Juliano Luiz Holdefer, 34 anos, de Balneário Pinhal, feita por volta das 18h45min de 23 de junho. Do pátio de casa, ao lado da esposa, Thayonara Holdefer, e do filho de cinco anos, Odin, ele observou e filmou com celular uma esfera colorida aparecer quatro vezes no céu em pontos diferentes num intervalo de menos de cinco minutos.
Naquela mesma noite, cerca de 45 minutos depois, moradores de praia vizinhas, como Magistério, Cidreira, Salinas e até no município de Osório garantem ter visto duas esferas coloridas, variando entre o dourado e o laranja, de tamanho indefinido, andando no horizonte sobre o mar. Antes de desaparecerem, relatam as testemunhas, elas teriam causado uma espécie de explosão sem som, chegando a iluminar as poucas nuvens existentes naquele momento. Foram apenas alguns segundos.
Para físicos e astrônomos consultados por GaúchaZH, pelas descrições dos moradores feitas sem imagens, as esferas coloridas visualizadas seriam meteoróides, fragmentos de grandes rochas espaciais aos penetrarem na atmosfera da Terra. É um fenômeno mais raro de ocorrer, argumentam.
O vídeo do vigilante foi analisado pelos ufólogos Rafael Amorim, de Santa Cruz do Sul e integrante Comissão Brasileira de Ufólogos, Márcio Parussini, de Porto Alegre, Alexsander Lima, de Mato Grosso do Sul e do grupo de pesquisa QGUFO, e Toni Inajar, coeditor e coordenador do Grupo de Análises de Imagens da Revista UFO. Eles conferiram em programas como o Orbitron _ de rastreamento em tempo real de satélites e rotas e usado principalmente por rádio amadores, astrônomos e astrólogos _ e o Flightradar 24 _ que disponibiliza a visualização de aviões do mundo todo, em tempo real _ e não constataram a presença de satélites ou aeronaves conhecidas na região nos horários indicados.
Aeronáutica não teve ocorrências na noite de 23 de junho
O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou, por meio de nota, que “no dia 23 de junho de 2020, o controle do espaço aéreo transcorreu dentro da normalidade e não houve registro de ocorrência aeronáutica na região mencionada (Litoral Norte). Ainda, informamos que não houve, na ocasião, atividade aérea oriunda da Ala 3 – Base Aérea de Canoas”.
Mesma verificação do doutor em Engenharia Carlos Jung, do Observatório Heller & Jung, associado à Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon, na sigla em inglês), que afirma não ter qualquer registro de movimentação na área do Litoral Norte nos horários indicados pela filmagem do vigilante e pelos relatos dos moradores. Por este motivo, Jung não concorda com a afirmação dos físicos e do astrônomo consultados pela reportagem. Ele sustenta não se tratar de um meteoro, por exemplo. O observatório tem um software de registro de análise de meteoros que cobre com 19 câmeras em 360 graus todo o Rio Grande do Sul, além de Santa Catarina, Paraná, parte de São Paulo, Uruguai, parte da Argentina e Paraguai. O único registro de meteoro feito pela Bramon naquela noite, na região indicada, ocorreu duas horas depois, 21h32min.
_ Como tivemos em abril deste ano uma evidência forte, devido ao vídeo divulgado pelo Pentágono, não dá para dizer que não pode ter sido algo que nós não conhecemos. Mas se eu tivesse registrado algo, seria o primeiro a divulgar — afirma Jung.
Como os ufólogos chegaram à confirmação
Segundo o ufólogo de Santa Cruz do Sul Rafael Amorim, da Comissão Brasileira de Ufólogos, a possibilidade de ser um drone, por conta da velocidade do movimento, foi descartada ao conferirem o vídeo de Holdefer frame a frame e em contraste. Ainda no estudo, o grupo identificou uma cerca e postes na escuridão das imagens e chegou a suspeitar que a luz pudesse vir deste local. Havia também uma torre próxima do local onde foi filmado, confirmada pelo autor do vídeo, e que aparece no início da filmagem. Mas esta hipótese também foi descartada ao confrontarem as imagens.
Na análise em detalhes, uma outra luz foi percebida piscando próximo à esfera maior. Os seis segundos em que a elas aparecem no vídeo, aponta Amorim, sugerem que o objeto era maior do que se imaginava.
_ Não é uma movimentação da própria câmera, de forma alguma. É um objeto sólido, e ele se divide ou fica em um ângulo que mostra ter duas ou mais luzes. Temos, até agora, um Objeto Voador Não Identificado mesmo. Isso não quer dizer que é uma nave alienígena, mas um evento não identificado. Descartamos por hora os drones, pois a luz era grande demais e a apagava, a velocidade também não combina com as de um drone _ revela Amorim.
Ao ser informado pela reportagem sobre a constatação dos ufólogos, Holdefer não se surpreendeu, mas admitiu estar feliz com a resposta:
_ Foi algo que nunca vi igual na vida, tive a sorte de conseguir registrar. Na hora, foi uma euforia, como a primeira vez que vemos um eclipse ou um meteoro com os próprios olhos. Eu e minha família vamos levar para o resto da vida. Nosso universo é muito grande para ter só nós.
Gaúcha ZH