Lola chegou à casa da família Ullrich quando ainda era filhote, fruto de uma adoção. Parecia mais um cachorro em uma casa de apaixonados por pets, mas não demorou muito para mostrar que era especial. Com um ano de vida, sinalizou aos tutores que o filho do casal, então com 14 anos, estava passando mal. O adolescente quase entrou em coma naquela madrugada por causa da diabetes tipo 1. Ela o salvou.
Márcio conta que o filho, Hiago, recebeu o diagnóstico aos 10 anos e a adaptação com os remédios e os cuidados de monitoramento da glicemia foram um pouco difícil. Algum tempo depois, ofereceram um filhote de border collie à família de Brusque, que aceitou. Desde o começo Lola, como foi batizada, foi dormir dentro de casa. Se destacou por ser mais tranquila e comportada do que outros cinco irmãos pets.
Até que em uma noite de verão ela surpreendeu. Os pais foram para a cama, fecharam a porta do quarto e ligaram o ar-condicionado. A madrugada, até então tranquila, foi interrompida por Lola, latindo e batendo na porta do quarto do casal até o tutor abrir. Assustado, Márcio levantou e percebeu que a cachorra indicava para o cômodo onde estava Hiago. O que ele viu assustou.
— Ele estava com a taxa de glicemia baixa e a gente não percebeu. Ele já estava quase entrando em coma e a Lola começou a fazer barulho dentro de casa e arranhar a porta para chamar atenção. Quando eu levantei, ela se dirigiu à porta do quarto do Hiago e encontrei ele já com uma crise bem forte, com sudorese e pálido — recorda Márcio.
Aquele foi o primeiro episódio em que o comportamento da heroína de quatro patas fez a diferença para a vida do então adolescente. Com o passar dos anos, o pai conta que houve ao menos mais um momento que o filho, hoje com 21 anos, esteve na iminência do coma e Lola os alertou. Agora, o casal dorme com uma fresta da porta aberta e a cachorra, prestes a completar oito anos, virou a guardiã.
— Toda vez que ela bate na porta do nosso quarto a gente sabe que tem algo errado com o Hiago, porque a Lola sinaliza para nós. A gente até brinca que é o anjo da guarda dele — diz Márcio.
Mas é possível o cão identificar isso?
O médico Marcelo José Linhares explica que os cães têm uma capacidade olfativa que permite identificar pequenas modificações no cheiro do suor humano. Segundo o especialista, quando a pessoa tem um episódio de hipoglicemia, isso modifica a característica químicas do suor e os cachorros conseguem, às vezes, perceber essas alterações.
— Isso não acontece só com a hipoglicemia, acontece em todas situações que o paciente pode estar passando por uma doença grave, como, por exemplo, um infarto agudo do miocárdio — afirma.
Linhares diz que algumas raças têm uma capacidade mais avançada para essa percepção. É o caso do border collie, mas nada impede que outros tenham a mesma sensibilidade. Lola não recebeu nenhum tipo de treinamento para desenvolver essa habilidade, mas o médico conta que nos Estados Unidos já existem centros especializados nesse trabalho.
— Eles conseguem treinar cães para identificar sinais de alerta, inclusive apertar o botão de pânico.
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