Há cerca de sete meses, o advogado Ricardo Steinhorst Kraetzig, de Alegrete, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, adotou o gato Tião para levar para a fazenda, que fica em Paraíso do Capivari, a cerca de 15 quilômetros da cidade. O que ele não imaginava é que Tião se tornaria amigo do porco recém-nascido chamado Pig.
“Era um porco pequeno, e o gato brincava com ele. Ficou grande, e o gato continuou amigo dele. São duas espécies diferentes, são os dois sozinhos. Só tem um porco. Só tem um gato. Mas se acharam. Se respeitam. Se dão bem. Nunca vi brigarem, só brincarem”, conta Ricardo.
A dupla está sempre em torno do dono. Enquanto o advogado prepara o chimarrão e o fogo na lareira, o porco dorme em cama de pelego. Já o gato fica no calor, fazendo companhia a Ricardo.
“Um ajuda o outro. O Tião mais dando fé na volta, né? O mais anarquista é o Pig. Mas a gente não tem solidão com uns bichinhos desses, né? E renova a esperança da gente na vida. Porque se um animal consegue ser tão bacana um com o outro, por que o ser humano não pode ser?”, indaga Ricardo.
Amizade inusitada, mas natural
A médica veterinária Ana Flávia Motta Gomes explica que, apesar de incomum, a amizade entre o porco e o gato surge de forma natural.
“Isso só aconteceu porque realmente eles cresceram juntos. Eles foram apresentados numa fase da vida em que não importava que eles eram da mesma espécie. Eles cresceram juntos e hoje não se reconhecem como sendo de espécies diferentes. Eles são amigos, e têm essa afeição um pelo outro”, define.
Para Ricardo, a companhia dos animais é uma forma de amenizar também os tempos difíceis devido à pandemia da Covid-19.
“Ajuda, ajuda, ajuda. Dá esperança, dá fé, dá alegria. Amizade. Conforto. É uns amigo, uns amigo de fé”, resume.
G1 RS