Um gato de quatro meses sobreviveu sem ferimentos a uma aventura inusitada: entre domingo (11) e segunda-feira (12), o bichano percorreu cerca de 250 quilômetros dentro do capô de um veículo, onde ficou preso por mais de 24 horas. O jornalista Marcelo Petter, dono do automóvel e morador de Estrela, foi quem resgatou o animal, que pertence a uma família de Capão da Canoa.
O jornalista conta que passou o final de semana no apartamento do sogro, no Litoral Norte, e que, no domingo pela manhã, escutou um gato miando na rua. Após o almoço, ele e a esposa retornaram para casa, em Estrela.
Já na segunda, Petter foi de carro para a Universidade do Vale do Taquari (Univates), em Lajeado, onde trabalha. À tarde, depois do serviço, foi para a casa do pai e, quando estava brincando com a sobrinha de três anos próximo ao veículo, passou a ouvir miados.
— Começamos a procurar, olhei embaixo do carro e não tinha nada, mas parecia que estava na parte de dentro. Então, abri o capô e o gato estava preso lá, no cantinho, me olhando — relembra.
Inicialmente, Petter não sabia de onde o bichano era, mas sabia que deveria ter um lar, por causa da fita laranja que tinha no pescoço. Mesmo desconfiando de que poderia ser da praia, o jornalista achou improvável que ele tivesse sobrevivido por tanto tempo no local. Para tirar a dúvida, pediu para o cunhado, que mora em Capão da Canoa, verificar se algum vizinho estava procurando um animal com as mesmas características:
— Mandei a foto para ele e, para a nossa surpresa, era do filho da vizinha. O menino estava desesperado atrás do gato, o Frajola. Ela (a vizinha) ficou superemocionada, foi uma coisa surreal. O gato estava intacto, não estava queimado nem machucado.
O jornalista explica que Frajola estava em uma parte plana entre a bateria e o motor do veículo, e, por sorte, não desceu nem caiu durante a viagem. Ele acredita que o gato tenha começado a miar porque associou a voz infantil da sobrinha ao seu tutor, pois, em outras ocasiões em que estivera próximo ao carro, não ouvira nenhum barulho.
Para a veterinária Wanessa Beheregaray, o gato sobreviveu porque escolheu o lugar certo para ficar, evitando queimaduras que poderiam ser ocasionadas pelo motor e uma queda, que resultaria em uma lesão ou em um atropelamento. Ela ressalta que incidentes envolvendo gatos em carros são bastante comuns, pois eles são curiosos e gostam de explorar os ambientes.
No entanto, a veterinária salienta que finais felizes não são muito frequentes, ainda mais percorrendo uma distância tão grande como nesse caso.
— Esse gatinho passou por um estresse enorme, devido ao barulho do motor e à velocidade. Ele é um grande sobrevivente, vai saber quantas vidas ele gastou nessa jornada — brinca Wanessa.
De acordo com Petter, o bichano é dócil e estava com muita fome quando foi resgatado. Frajola ainda está em Estrela, e será devolvido para a família no próximo sábado (17). Enquanto isso, o jornalista manda fotos do pet para tranquilizar os tutores, que aguardam ansiosos pelo seu retorno.
Wanessa afirma que, ao encontrar um animal que tenha passado por uma situação semelhante, o ideal é oferecer bastante água e ração pastosa ou sólida. Também é fundamental verificar se o pet não tem nenhuma lesão ou se está desidratado.
— Na dúvida, é importante a avaliação de um veterinário. Se o animal estiver muito apático ou com hipoglicemia, às vezes não conseguimos reverter somente com alimentação, precisa de medicamento — finaliza.
GZH