Segundo maior felino das Américas, a onça-parda voltou a ser avistada no Rio Grande do Sul. Em menos de uma semana, o animal foi encontrado nas cidades de Entre Rios do Sul, na Região Norte, e em Panambi, no noroeste do Estado. Em setembro de 2023, um grupo desses animais foi flagrado em Palmeira das Missões.
A presença dos pumas no interior dos dois municípios, que ficam a cerca de 160 quilômetros de distância um do outro, é monitorada pelo Comando Ambiental da Brigada Militar (CABM). Isso porque o animal é considerado uma espécie vulnerável, o terceiro nível mais grave na escala de risco de extinção, segundo o Instituto Chico Mendes (ICMBio).
Nas duas ocorrências, os policiais militares foram acionados por moradores que encontraram os animais silvestres. A primeira foi em 11 de março, em uma propriedade rural localizada na linha Rincão Fundo, de Panambi. No dia 15, a onça-parda foi flagrada em Entre Rios do Sul, às margens do lago da Usina Hidrelétrica do Rio Passo Fundo.
Conforme o sargento Eduardo Lucca, comandante do Batalhão Ambiental, a equipe averiguou áreas do interior de Entre Rios do Sul após receber informação de moradores e ter acesso a um vídeo. Na ocasião, foram encontradas pegadas no solo, que comprovam a presença de um felino de grande porte naquela região.
A orientação do Comando Ambiental é que a população entre em contato pelo telefone 190 ao avistar os felinos.
— É um animal que não tem costume de atacar pessoas. Felinos de grande porte já foram vistos diversas vezes na região, portanto não devem ser importunados — enfatiza o sargento Lucca.
Comando Ambiental monitora a presença dos felinos. Foto: 3° BABM / Divulgação
Rastros foram encontrados em Entre Rios do Sul. Foto: 3° BABM / Divulgação
Espécie ameaçada
Conhecida também com suçuarana, os felinos na espécie Puma concolor podem chegar a 2,4 metros de comprimento e só ficam atrás da onça-pintada em tamanho. Seu habitat se estende por todo o continente, da Patagônia na Argentina até o Canadá.
Nativas da região, uma das causas para o avistamento mais frequente das onças é o crescimento das cidades em direção às áreas de mata, como explica a médica veterinária e professora de Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo (UPF), Micheli Ataíde.
— Não são elas que estão perto dos humanos, é o ser humano que está perto delas. Nós somos predadores deles. À noite tem menos movimento do ser humano e é quando esses animais se sentem mais tranquilos também — esclarece a professora.
Espécie controladora de pragas, a espécie está no topo de cadeia alimentar e auxilia no equilíbrio ecológico do bioma Pampa. Os pumas se alimentam principalmente de capivaras, controlando a reprodução desses e de outros roedores que já causam problemas ambientais em estados como o Paraná.
O javali, espécie invasora e que causa danos às plantações do RS, também pode ser alimentos das onças-pardas, mas apenas quando filhotes, conta Micheli.
— O puma, por ser menor, não consegue predar um javali porque esse não é o habitat deles, que vêm da Europa e da África, onde tem leão. A não ser que (os javalis) sejam filhotes — pontua.
No entanto, a médica veterinária que a espécie não oferece perigo às pessoas e, na verdade, tem medo dos humanos. Por isso, os raros ataques acontecem apenas como forma de defesa, quando o animal está acuado ou durante caças ilegais aos felinos.
— A gente emite sons que eles não estão acostumados, então a tendência é realmente se esconder ou fugir. O ataque só ocorre quando pressionado, se ele está preso em algum lugar e a pessoa for invadir o espaço. Por medo ele pode reagir e até machucar, mas ele nunca vai tentar matar — finaliza.
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Gaúcha ZH