Casal no Norte do Estado realiza travessia a pé da maior praia do Mundo

Neste domingo (25), um casal de brigadianos de Passo Fundo, lotados no 3°RPMon, encerrou uma grande façanha após atravessar a pé a maior praia do Brasil.

A “Travessia Cassino Chui” é um caminho remoto na maior praia do Brasil, uma vivência intensa entre o homem e a mãe natureza, numa conexão que transforma o Ser e suas ações. Incomparável a qualquer outra jornada, este caminho supera os sentimentos, surpreende e encanta, libertando o espírito aventureiro. O caminho iniciou nos molhes da barra da Lagoa dos Patos, no balneário do Cassino, em Rio Grande, até os molhes da barra do Arroio Chuí, na divisa com o Uruguai, percorrendo caminhos onde a natureza selvagem impera. Foram 230 km de praias desertas, percorridos entre o Cassino e a Barra do Chuí.

O casal, sargento Jarduzim e sua companheira sargento Cássia, iniciaram a travessia a pé na praia de Rio Grande na última segunda-feira (19). Levando apenas o suporte mínimo de alimentação, como miojo, salame, bolacha e café em pó.

Também nas mochilas, que pesavam em torno de 25 kg a 30 kg, levaram um fogareiro portátil e um botijão portátil de gás, além de remédios e pomadas.

Também utilizaram sacos de dormir e uma barraca para passar as noites e poucas peças de roupas.

Em entrevista, Jarduzim relata que durante o trajeto pegaram uma noite de chuva que encharcou a barraca, deixando o desafio ainda mais difícil devido ao cansaço e à dificuldade para dormir.

“Tivemos que dar o nosso melhor durante 6 dias e 6 noites em pleno inverno gaúcho. Foram muitos perrengues, noites abaixo de chuva com a barraca encharcada, dias muito frios, muito vento contra e sem contar, é claro, as dolorosas dores no corpo e bolhas nos pés, joelhos e tornozelos inchados”, conta ele.

“Agradeço a Deus! Deu tudo certo, fez com que pessoas especiais cruzassem nossas vidas.”

“Seu Antônio e Dona Jane que nos acolheram de forma muito especial, os colegas da marinha no Farol do Albardão que nos deram um grande apoio. Ao Bruno de Rio Grande, domador de cavalo selvagem, que humildemente nos ajudou com água. E no final do trecho, ao seu Alexandre, uma lenda de Hermenegildo, em uma vila de pescadores, que nos deu um grande suporte na última noite.”

Segundo a sargento Cássia, “muitas lições foram aprendidas. O desgaste físico nos mostrou que somos mais fortes do que pensamos, pois fomos à exaustão diversas vezes, ultrapassando o limite do corpo”.

Ela ainda relata: “Fazer 5km era extremamente difícil, caminhar à noite era assustador, dormir mal acomodado em barraca nos deixava mais cansados, a alimentação e hidratação reduzida nos debilitaram muito. Contudo, não pensamos em desistir por nenhum instante”.

A sargento relata que o sonho de fazer a travessia não foi recente, mas sim algo que tinha em mente há mais de 10 anos: “Eu tinha esse sonho há mais de 10 anos e finalmente encontrei alguém capaz de me fazer realizá-lo”.

Ela também agradece o companheiro de vida e de jornada: “Muito obrigada, Jariel Jarduzim, por ser meu parceiro de vida e por se dedicar a me fazer feliz. Sem você, eu não teria dado o primeiro passo”.

Ela conclui: “O que nos fez concluir o trajeto foi nossa mente, mantivemos o foco e não nos desanimamos diante das dificuldades. Assim, pudemos perceber que algo impensável pode se tornar realizável, basta acreditar e nunca parar”.

Sobre o ensinamento que fica, ela diz: “O ensinamento é que somos infinitamente pequenos, e aqui pudemos sentir isso de verdade. A natureza castigou em alguns momentos, mas foi maravilhosa em outros. Deus nos cuidou o tempo todo e as imagens mais lindas ficaram registradas em nossos corações”.

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João Victor Lopes/Rádio Uirapuru