
Os relatos de Abigail Ferreira Felber, 30 anos, sobre o relacionamento com o ex-companheiro Tiago Felber, 40 anos, que confessou ter jogado o próprio filho da ponte, são um alerta à sociedade. Conforme o delegado Daniel Severo, responsável pela Delegacia de Polícia de São Gabriel, a motivação do crime cometido por Tiago foi vingança, porque ele não aceitava o término do relacionamento, que ocorreu em outubro do ano passado.
Segundo Abigail, as cenas de ciúmes eram frequentes e o contato com outros homens não era permitido. Aos poucos, ela foi se afastando da própria família. Uma das discussões do casal, que resultou em um celular quebrado, foi motivo para o registro de um Boletim de Ocorrência (BO). Por último, o “destemperamento”de Tiago já ultrapassava os limites da casa onde moravam no Bairro Cidade Nova, em São Gabriel. Na escola de Théo, ele teria perdido o controle com as professoras do filho.
Casos como esses demonstram um ciúme doentio, também conhecido como ciúme patológico. Segundo a psicóloga Rita Rosa, trata-se de um distúrbio emocional que foge da emoção normal do ser humano. É um sentimento de posse.
– É esperado que o ser humano tenha ciúmes. Ele vem da infância, por exemplo, quando somos filhos únicos e vem um irmão mais novo. Mas, ele passa a ser ciúme patológico quando as pessoas entendem que aquela pessoa está ali para suprir apenas as necessidades deles. É como se ela fosse uma peça de jogo e eu precisasse dela a todo custo. A pessoa não pode individualidade e tem essa coisa de posse: é meu. E o pior é que acredita ser uma forma de amor – comenta.
Ainda conforme a psicóloga, o ciúme patológico vem acompanhado de frustração e comportamentos agressivos, também, com outras pessoas.
– No caso de São Gabriel, eu vejo que ele queria causar dor nela e o ciúme patológico faz parte de alguns transtornos. Uma pessoa saudável psicologicamente não vai ter esse ciúme doentio. Porque, por exemplo, quando ele agride outras pessoas, não têm a ver com o ciúmes. Tem a ver com a personalidadee também o não saber lidar com a frustração – afirma a especialista.
Sinais do ciúme patológico
Raiva, controle e mensagens excessivas. Embora possa variar em intensidade e forma de expressão de uma pessoa para outra, a especialista aponta alguns sinais do ciúme patológico, como:
- Desregulação emocional: Pode vir acompanhada de raiva e descontrole recorrentes. Conforme Rita, no consultório, esse sinal sempre vem acompanhado de uma fala no sentido de “ele sempre agiu dessa forma”.
- Implicância com as roupas: Em muitos casos, o tom é de “conselho” e preocupação sobre como o outro vai se comportar diante de outras pessoas.
- Desconfiança permanente: É a constante dúvida e a procura de pistas que possam “incriminar” o cônjuge. A psicóloga lembra de pacientes que não saiam mais porque o companheiro sempre achava que ela estava olhando ou flertando com alguém.
- Necessidade de controle: Muitas perguntas sobre o horário que vai chegar ou excesso de mensagens.
- Relações interpessoais: Ou seja, observar o comportamento com outras pessoas. É muito difícil, segundo Rita, que uma pessoa com ciúme patológico tenha boas relações interpessoais. Muitas vezes ele não é um bom amigo.
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Diário SM