A paróquia de Encantado está com um padre substituto desde o episódio em que o padre Mauro Organista foi vítima de uma tentativa de latrocínio. O episódio aconteceu em 7 de agosto.
O fato foi em Cruzeiro do Sul, por volta da meia-noite até próximo da 1h30min da manhã. O religioso foi ferido por golpes de faca e foi atendido no hospital do município.
Na noite do crime, ele estaria com dois jovens no carro da paróquia, um de 18 anos e outro de 13. Tanto a congregação de Padres Carlistas quanto a Diocese de Santa Cruz do Sul, iniciaram uma apuração sobre a conduta do religioso. Há suspeitas de que ele mantinha relações afetivas com o possível autor da agressão.
Conforme o Vigário Geral da Mitra Diocesana, Padre Leandro José Lopes, há uma apuração inicial em curso. Os primeiros movimentos foram de identificar a responsabilidade jurídica eclesial.
“Quando houve a tentativa do latrocínio, com o padre hospitalizado, fomos nos inteirar do que aconteceu. Fomos notificados de que ele havia sido vítima de um assalto. Na sequência, vimos as demais circunstâncias.”
O padre está em recuperação na sede da congregação da qual faz parte, em Passo Fundo. Conforme o Vigário Geral, Mauro Organista não atua mais na paróquia de Encantado.
Etapas da apuração
A orientação do Papa Francisco é de tolerância zero sobre casos de pedofilia, abusos e importunação sexual cometida por religiosos. Dentro disso, há um processo para se checar os casos de condutas inapropriada por parte de membros da Igreja, conta o vigário Lopes.
Quando há uma investigação por parte de algum religioso, o primeiro movimento é afastá-lo das funções ministeriais. Representa que o suspeito fica suspenso de atender qualquer fiel. “Nosso procedimento começa com uma avaliação da denuncia ou de algum acontecimento. É uma fase inicial, para vermos se as informações procedem.” Caso se confirme algum ato reprovável, abre-se o processo de investigação.
No segundo momento, passa-se para o processo Canônico. “Se houve vítimas, buscadas essas testemunhas e também as autoridades policiais, caso a conduta do religioso seja contra as leis civis.”
Finalizado essa etapa, todos os materiais coletados, bem como o voto e a justificativa de uma comissão com três religiosos, entre eles o bispo da Diocese, são encaminhados para o Vaticano.
“Em caso de comprovação da má conduta do padre, do desvio da conduta frente aos preceitos da Igreja, ocorre a Demissão do Estado Clerical.”
De acordo com o Vigário Geral, o tempo para esse trâmite varia, mas sempre se busca que ocorra em tempos semelhantes aos processos civis.
Inquérito no Judiciário
A Polícia Civil finalizou na manhã de ontem o inquérito sobre a tentativa de latrocínio contra o padre. Conforme o delegado Dinarte Marshal, foi pedida a prisão preventiva do jovem de 18 anos, autor dos golpes de faca.
Contra o padre, não há nenhuma imputação penal. “Ele foi vítima”, diz. O autor da agressão também responderá por corrupção de menores, pois ele teria levado o primo de 13 anos ao local.
No depoimento, o religioso contou que saiu de Encantado e foi para Lajeado e Cruzeiro do Sul para entregar cestas básicas para famílias carentes. À noite, se encontrou com o jovem de 18 anos e o adolescente.
Em seguida, os três foram para um local ermo, conhecido como “Prainha”. O menor de idade ficou dentro do carro, enquanto o padre e o autor se afastaram em direção às margens do Rio Taquari. Neste momento aconteceu a tentativa de assassinato. O homem levou dinheiro, o celular e pertences pessoais do padre.
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