Muitas vezes a última despedida é no momento da transferência ou da internação do paciente. É o caso da neta Michele Grubert Wordell que se despediu do avô Zebaldo Grubert, de 85 anos, na porta do HRO (Hospital Regional do Oeste), em Chapecó, no Oeste catarinense. Ele morreu horas depois vítima do novo coronavírus. O adeus emocionante foi registrado na manhã do último 25 de fevereiro.
Ao presenciar ele sendo retirado de uma ambulância na entrada do hospital, Michele se aproximou da viatura e pediu autorização aos socorristas para dar adeus ao avô. A imagem mostra que seu Zebaldo estava muito ofegante e respirando com ajuda de aparelho. Um dos profissionais se emociona e abaixa a cabeça ao presenciar a cena. Já a neta dá beijos no rosto do nono e se despede dizendo frases curtas no canto do ouvido.
“Pensei que não ia mais vê-lo. Eu tinha essa certeza em função de toda a situação que ele estava vivendo. Uma angústia respiratória terrível”, lembra Michele. No entanto, ela foi convidada pela equipe do hospital para acompanhá-lo antes da internação. “Ele estava muito agitado no pronto-socorro e chamando por mim. Então o pessoal do hospital me ligou e pude estar com ele das 11h30 às 15h30 quando ele foi entubado”. As últimas horas junto ao avô foram eternizadas em vídeos.
Michele foi para casa e no outro dia recebeu um telefonema da equipe do hospital informando que ele faleceu às 13h30 do dia 26 de fevereiro. Por conta dos protocolos de saúde e de prevenção à Covid-19, seu Zebaldo foi enterrado horas depois. “Foi uma perda muito significativa, a dor que fica é imensa e a saudade não tem como mensurar”, completou.
Convivência
Outras pessoas da família foram diagnosticadas com coronavírus 15 dias antes de seu Zebaldo apresentar os primeiros sintomas da doença respiratória. O pai dela, inclusive, ainda se recupera da doença. Antes disso, para não expor o avô, a família o isolou, mas mesmo assim não foi possível livrá-lo do vírus.
Michele conta que também foi diagnosticada com o vírus e aproveitou a quarentena ao lado do nono, que completaria 86 anos neste mês de março. “Nos primeiros cinco dias que ficamos isolados juntos brincamos, conversamos e jogamos canastra que ele gostava muito, mas depois disso a situação dele começou a se agravar. No 13º dia, perdemos ele”, disse.
A neta diz que vai guardar com muito apreço às fotos dos momentos especiais, como do último aniversário. “Ele era o amor da minha vida e falei muitas vezes isso para ele enquanto eu me despedia, ele sabe disso. Temos esperança de nos reencontrarmos um dia. Quando Jesus voltar, estaremos todos juntos e teremos a oportunidade de viver num lugar onde não haverá mais dor. E essa é a esperança que acalma nosso coração e nos traz paz”, finaliza.
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