Todo o veículo adquirido zero-quilômetro traz o manual do proprietário, informando tudo o que você deve saber a respeito da sua operação e conservação, além de orientações de segurança. O documento deve acompanhar o carro durante toda sua vida útil, inclusive se este for vendido, e hoje pode ser facilmente baixado no site das montadoras. Raramente as pessoas se dão ao trabalho de conferir todo o conteúdo do manual, que é um calhamaço e facilmente passa de 200 páginas. As informações são do UOL.
É verdade que, para a proteção da fabricante em eventuais processos judiciais, o livreto traz informações aparentemente óbvias, como não transportar passageiros dentro do porta-malas nem utilizar o cinto de em mais de um ocupante ao mesmo tempo. No entanto, o manual também oferece dados importantes a respeito do veículo, especialmente em relação a práticas que você não deve adotar – algumas delas são, inclusive, acompanhadas da palavra “nunca”, deixando clara a importância de seguir as recomendações ali contidas. Confira alguns exemplos de advertências contidas em manuais que donos ou usuários de automóveis desconhecem.
Instalar de engate em veículo não autorizado
Muitos desconhecem, mas existem modelos de veículos que simplesmente não podem receber engate para uso de reboque ou “carretinha”. Pois essa informação pode ser conferida justamente no manual do proprietário. Os novos Chevrolet Onix, Onix Plus e Tracker, por exemplo, enquadram-se nesse grupo. O livreto que acompanha os três carros da General Motors não deixa dúvidas na seção que aborda o reboque de outro veículo. Ela traz um sinal de alerta acompanhado da palavra “perigo” e da seguinte frase:
“Este veículo não está apto a receber engate traseiro e, desta forma, tracionar reboques”. Isso acontece porque esses carros não têm capacidade para tracionar outros veículos. O Toyota Corolla da geração anterior, vendido até 2019 no País, também traz essa limitação. Quando determinado automóvel é apto a receber engate, a carga máxima de tração consta do manual, bem como o local do chassi onde o equipamento deve ser instalado.
Acionar vidros elétricos ao mesmo tempo
Especialmente em dias mais quentes, quem nunca abriu os quatro vidros elétricos ao mesmo tempo? De acordo com o manual do novo Hyundai HB20, esse hábito não é recomendado para este modelo. “Para evitar possíveis danos ao sistema dos vidros elétricos, não abra nem feche dois ou mais vidros ao mesmo tempo. Isso também assegura a longa duração do fusível”, recomenda o documento. Outra orientação é “nunca” acionar um dos vidros elétricos por meio do interruptor do motorista enquanto o passageiro abre ou fecha o mesmo vidro no sentido oposto.
Essa é uma situação que dificilmente acontece no mundo real, mas está lá para quem quiser ler: “Nunca tente acionar o interruptor principal da porta do motorista e o interruptor do vidro individual em posições opostas ao mesmo tempo. Se isso for feito, o vidro será travado e não poderá ser aberto nem fechado”.
Pane seca
Basta pesquisar em sites de busca para encontrar diversas reportagens recomendando não rodar com o tanque na reserva e evitar a famosa “pane seca”, quando o motor do carro para por total falta de combustível. Segundo especialistas, essa prática pode fazer com que resíduos acumulados no fundo do tanque se desloquem até os bicos injetores, causando falhas no funcionamento do motor, após o tanque ser reabastecido. Também existe a questão da segurança: ficar com o automóvel parado em uma via, principalmente à noite, é ficar vulnerável, elevando o risco de assalto, por exemplo.
Sem contar que pane seca é uma infração de trânsito e rende multa. O manual do Volkswagen Polo 2020 é ainda mais enfático quanto ao tema. Também menciona o uso de combustível “irregular”. “Nunca conduzir até esvaziar completamente o tanque de combustível. O abastecimento de combustível irregular pode causar falhas de ignição e acúmulo de combustível não queimado no sistema de escape. Isso pode danificar o catalisador!”, alerta o livreto que acompanha o hatch compacto.
Ignorar amaciamento do motor
Tem gente que compra carro zero-quilômetro e pensa que amaciar o motor é coisa do passado. Porém, muitas marcas, para não dizer a maioria, ainda trazem no manual orientações para não abusar do pedal do acelerador durante os primeiros quilômetros de uso. Assim, o motor não é tão exigido até que componentes internos se ajustem e ele atinja o nível ideal de operação – com aumento na performance e redução no consumo de combustível. O manual do Renault Sandero 2020 traz essa recomendação. “Até atingir os primeiros 1.000 km, não ultrapasse 130 km/h na troca de marcha mais elevada ou 3.000 a 3.500 rpm. No entanto, só após cerca de 3.000 km, seu veículo irá proporcionar todo seu desempenho”.
Colocar graxa nos parafusos das rodas
Algum leitor pode já ter recorrido a graxa ou outro tipo de lubrificante para remover mais facilmente um ou mais parafusos ou porcas de fixação da roda. Ao menos em relação ao Corolla 2020, essa é uma prática nada recomendada, segundo o manual do sedã da Toyota. No livreto, a montadora alerta que graxa ou lubrificante deve ser completamente removido do parafuso ou da porca antes de você apertá-lo novamente, sob pena de causar danos e até trazer risco de a roda se soltar com o carro em movimento. “Nunca aplique óleo ou graxa nos parafusos ou porcas da roda. O óleo e a graxa podem fazer com que as porcas da roda sejam apertadas excessivamente, resultando em danos aos parafusos ou porcas da roda”.
Meio Norte