Após o fim da pandemia de covid, a balconista e influencer Mariana Michelini, de 35 anos, não abandonou a máscara. Mas ao contrário das pessoas que seguem com este hábito para evitar o vírus, ela usa o acessório para esconder as consequências de um procedimento estético que fez durante o confinamento.
No final de 2020, ano em que perdeu a mãe, Mariana fez uma harmonização facial com uma profissional de Matão (SP), cidade onde mora, mas meses depois ao sofrer com inchaços e dores e ela descobriu que o produto utilizado foi PMMA, uma substância plástica, e precisou retirar o lábio superior. Somente três anos depois, ela começou o processo de reconstrução do seu rosto.
A influencer disse que a profissional que realizou o procedimento entrou na Justiça e conseguiu uma ordem judicial que a impede de mencionar seu nome e a sua profissão.
“A harmonização facial surgiu em dezembro de 2020. Alguns trabalhos eu cobrava e a harmonização foi em permuta. A profissional dizia que era ácido hialurônico e eu confiei nela. Fui enganada”, disse.
Ela explicou que o procedimento foi feito sem problemas e que nos seis primeiros meses, até conseguiu mais trabalhos por conta do resultado. “Quando cheguei estava tudo pronto, as seringas, não assinei nada, não vi embalagem e nem fui informada que algo de errado poderia acontecer. Fiquei linda.”
Mas em uma manhã de junho de 2021, a influencer acordou com o rosto inchado e com muita dor. Ela procurou a profissional que realizou o procedimento, que segundo Mariana, não soube o que fazer.
PMMA
Como antibióticos e corticoides receitados por uma médica da sua cidade não fizeram efeito, Mariana procurou o médico dermatologista Carlos Roberto Antonio, em São José do Rio Preto.
Ao ser informado que era ácido hialurônico, o profissional passou a usar hialuronidase, uma enzima que ajuda a degradar a substância. Como não obteve sucesso, foi feita uma biópsia e um mapeamento facial que constatou que o produto utilizado na realidade era PMMA.
O polimetilmetacrilato (PMMA) é uma substância plástica de caráter permanente, utilizada como preenchedor, às vezes de forma indiscriminada em função de seu baixo custo, podendo gerar reações adversas locais imprevisíveis, que geralmente surgem até anos após a aplicação.
Na medicina, o uso do PMMA iniciou-se na década de 1940, sendo utilizado como cimento ósseo, principalmente, na cirurgia craniofacial e cirurgias ortopédicas.
O uso do produto para fins estéticos, apesar de ser liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Sua venda não é restrita, de modo que profissionais não médicos podem fazer aplicações.
Recuperação
Agora, Mariana começou outra etapa da sua luta para se recuperar dos efeitos da harmonização com PMMA. Por meio de uma seguidora, encontrou o cirurgião especializado em Palhoça (SC) e começou o processo de reconstrução da sua boca.
A primeira cirurgia, feita pelo médico Raulino Brasil, ocorreu em dezembro do ano passado e foi realizada com retalho de Abbé, que utilizando parte do lábio inferior para o preenchimento central do lábio superior.
A segunda etapa para recuperação das laterais será feita daqui uns meses, com utilização de tecidos da língua.
Receba as notícias do Três Passos News no seu celular:
https://chat.whatsapp.com/BC2EPoxtSbEIlzleby7yT3
O Sul