Há um mês, a dona de casa Diulia Passos Magalhães, 34 anos, percorre de ônibus diariamente o trajeto de 123 quilômetros entre Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, e Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. O primeiro filho dela e do marido Vagner Andrade Lopes, 37 anos, está hospitalizado, após nascer prematuro, com 29 semanas de gestação.
Diulia deu à luz a Fagner Ravi dos Passos Andrade no último dia 15 de março, no Vale do Rio Pardo. Mas, com a necessidade de cuidados especiais, o bebê precisou ser transferido para o Hospital Municipal de Novo Hamburgo, para ser mantido na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal. Desde então, os pais realizam regularmente as viagens ao Vale do Sinos para poder estar perto do filho.
— Até o momento, ele estava bem. Pegava ele no colo, estava só com a sonda do mamá (leite). Precisava só ganhar peso. No começo de maio, poderia ir embora. Essa semana eu ia começar a dar o peito. Até agora, só tirava o leite para dar. Aí aconteceu essa fatalidade — diz a mãe.
Na última quinta-feira (18), Diulia esteve no hospital para as visitas das 11h e das 14h. Na primeira, segundo a mãe, estava tudo normal e ela chegou, inclusive, a segurar Fagner Ravi no colo. Após o almoço, na segunda visita, a mãe se surpreendeu ao encontrar o filho no oxigênio e recebendo soro.
— Perguntei e disseram que o soro era para desidratação. Só isso — diz a mãe.
Com o fim da visita, Diulia seguiu novamente para a rodoviária, com intuito de retornar para casa. Ainda aguardava pelo ônibus, quando foi alertada que deveria retornar ao hospital. Segundo a dona de casa, ao chegar na casa de saúde foi informada de que um erro havia acontecido durante o atendimento ao menino.
— A médica me relatou o que tinha acontecido. A técnica, ao invés de colocar o soro, colocou leite. Por isso, ele precisou ser intubado. Foi o que me disseram. E aí no primeiro dia ele nem se mexia mais. Tinha atingido o pulmão — descreve.
A mãe relata que naquela noite, sem ter para onde ir, dormiu em um banco nas proximidades do hospital. No momento, segundo a mãe, o filho segue intubado, mas está em estado estável. Um leito foi oferecido para a mãe no hospital, após o ocorrido, segundo a família.
— Poderia ter perdido meu filho. Assim como aconteceu comigo, poderia ter acontecido com outra pessoa. Ele ainda não tem previsão de alta. Poderia ter pedido meu filho por causa de um erro de uma enfermeira. Tem que ver se não vai ficar com sequelas. Não tenho certeza de nada. Como ele vai reagir só o tempo vai dizer — diz a mãe.
O que diz o hospital
O Hospital Municipal de Novo Hamburgo abriu uma sindicância para investigar procedimento realizado pela técnica de enfermagem. Segundo a casa de saúde, o suposto erro teria acontecido na manhã da última quinta-feira (18), durante a administração de uma medicação ao recém-nascido.
De acordo com a Fundação de Saúde de Novo Hamburgo (FSNH), que faz a gestão da instituição, após a situação, a família da criança foi comunicada e a técnica de enfermagem demitida. Em nota, a fundação afirmou que o bebê se encontra estável e apresenta melhoras no quadro.
A prefeitura de Novo Hamburgo informou que a sindicância foi aberta para esclarecer os fatos e que o Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul será comunicado a partir do resultado da investigação. A prefeita Fátima Daudt, se manifestou através das redes sociais e disse estar preocupada sobre o caso.
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Gaúcha ZH