Extinção de pelo menos 4 espécies de peixes; mais de 12 mil famílias atingidas; 35 municípios afetados, 4 municípios inundados, além de outros inúmeros danos ambientais e violações de direitos humanos das populações locais foram os principais problemas apontados pelos participantes da audiência pública “Hidrelétricas no Rio Uruguai e as Consequências no Salto do Yucumã”, quanto à continuidade dos projetos de instalação das usinas Garabi/Panambi em território brasileiro e argentino. O debate foi promovido pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos do Legislativo, durante audiência pública virtual ocorrida nesta quarta-feira (18), após proposição do deputado estadual Jeferson Fernandes (PT), e reuniu pesquisadores do Brasil e da Argentina além de representantes dos atingidos pelas Barragens de Garabi/Panambi de ambos os países, além de estudiosos do setor energético e do tema das barragens.
Os projetos referentes à Garabi/Panambi foram suspensos por liminar em 2015, tiveram a sentença de suspensão confirmada em 2017 e em 2021, por vícios insanáveis no termo de referência. Mas os réus apresentaram embargos de declaração e o Ministério Público Estadual e Federal terão prazo para se manifestarem a respeito do caso, o que preocupa as comunidades quanto à continuidade ou não das usinas.
Titular da secretaria de Turismo de Derrubadas, Angelita Bomm destacou o potencial turístico do Parque e a ampliação do número de visitantes, mesmo após sete meses de fechamento em função da pandemia. “Além da questão do desenvolvimento, a gente tem amor pelo Turvo, pela riqueza de fauna e flora. Antes de 2019, recebíamos 12 ou 13 mil visitantes/ ano. Chegamos agora à marca de 29 mil turistas”, valorizou.
O prefeito de Barra do Guarita, Rodrigo Locatelli, mostrou preocupação com o Parque e com o Rio Uruguai, que banha o município. “Viemos há duas gestões nos manifestando contra estas barragens. Há redução de peixes, não sabemos quando tem mais ou menos água. Com tanta destruição de florestas no Brasil inteiro, temos de defender cada hectare do Turvo”, reforçou.
Sobre os impactos ao meio ambiente, especialmente ao Parque do Turvo, em Derrubadas, Alexandre Krob, coordenador do Instituto Curicaca, que desenvolve projeto no Turvo, retomou a fala da pescadora Teresa para explicar que os peixes ameaçados de extinção pela instalação de usinas no Rio Uruguai são os do tipo migratórios, que dependem de ambientes que não sejam de água parada. Ele reforçou que a proteção destas espécies é um compromisso do Parque. “Barragens bloqueiam rotas de peixes migratórios. Garabi causará perdas de 50% na área do Dourado”, informou Krob, lembrando que seriam 60 hectares atingidos pelas barragens. Ele destacou que o Parque do Turvo possui florestas maduras e raras. “Como compensar a perda de 60ha se não há florestas fora do Parque. O Turvo é uma ilha cercada de monoculturas”, lamentou.
Com informações da Assessoria de Comunicação Deputado Jeferson Fernandes