Dicas
Foto: Reprodução

A cabeça dói, o estômago revira, a boca seca, os olhos e ouvidos ficam sensíveis e, às vezes, o arrependimento bate. Esses costumam ser os sintomas mais comuns da ressaca, sentidos após um intenso consumo de bebidas alcoólicas. E para lidar com as consequências, muitas pessoas recorrem a tradições e conhecimentos populares, que nem sempre dão certo —pelo menos sob a perspectiva da ciência. Antes de desvendar quais “truques” fazem sentido para a ciência na cura, ou pelo menos na melhora dos efeitos da ressaca, é importante entender como o álcool é absorvido pelo corpo.

O caminho é simples: ele entra pela boca, desce até o estômago, passa pelo intestino e, finalmente, encontra o fígado. É lá que aquela cerveja, caipirinha ou Moscow Mule são metabolizados e divididos em moléculas de etanol, em um processo que demanda muita energia das células do órgão. Algumas delas chegam até a morrer, liberando enzimas hepáticas (gama GT, TGO e TGP), responsáveis pelo enjoo alcoólico, entre outras coisas.

“A ressaca é o preço que o corpo humano paga por essa metabolização tóxica, excessiva, intensa no gasto de energia, provocada pelo consumo do álcool”, destaca o psiquiatra Arthur Guerra, presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA). O especialista explica ainda que, quando ingerido, o etanol funciona como um “spray” no corpo e chega a todos os lugares pelo sangue. No cérebro, ele inicialmente causa prazer, mas pode provocar amnésia alcoólica e embriaguez, além de cobrar um preço semelhante ao fígado. Por isso, se tomou mais uísque do que devia, comemorou — ou lamentou — o resultado da final do campeonato em demasia ou quer apenas se preparar caso alguma situação dessas aconteça, veja o que pode ser útil (ou não) na hora de lidar com os efeitos da bebedeira.

Lembrete: cada pessoa responde de forma diferente. Por isso, há itens que podem funcionar melhor com alguns do que com outros, e como regra geral para a ressaca — e para a vida — quanto mais líquido, melhor, pois a água atua como “gasolina” da metabolização.

Café forte

Nem o forte, nem o fraco. O líquido quente e amargo pode ajudar o paladar e o “bafo de álcool”, mas não tem relação farmacológica com os efeitos da ressaca. Em uma barriga já sensível pelo álcool, inclusive, o café pode piorar a situação da pessoa. No entanto, nem tudo está perdido para os amantes de café: a cafeína pode ajudar levemente na dor de cabeça de algumas pessoas que já estão acostumadas com a bebida como remédio.

Mais álcool

Há quem diga que o remédio para curar os efeitos da cachaça é… mais cachaça. A medida, uma tradição interiorana, “é um erro absurdo do ponto de vista médico”, avalia o presidente do CISA, pois a adição de álcool ao corpo que já está sofrendo os efeitos da bebida pode atrasar as consequências, mas a conta chega de qualquer forma.

Kit ressaca

Comum em festas de casamento e outras celebrações, itens encontrados no “kit ressaca”, como analgésico, remédio hepatoprotetor e sal de frutas, agem, no máximo, como placebo. Alguns desses medicamentos, inclusive, têm o uso contraindicado com bebidas alcoólicas. Para ajudar nas dores, remédios com ibuprofeno ou dipirona são mais aconselhados, pois aspirina pode irritar ainda mais o estômago e outros tipos de analgésicos, associados ao álcool, podem sobrecarregar o fígado.

Ovo

Não é difícil achar recomendações de ovo cru ou cozido para ajudar na ressaca, pela presença do aminoácido cisteína, que “desempenha um papel no metabolismo do álcool”. Porém, não há estudos para apoiar a hipótese. Na versão crua, há ainda risco da intoxicação com Salmonella. “Se fosse pela cisteína, já teriam feito um comprimido com a substância isolada”, argumenta Guerra.

Banho gelado

Banhos são comuns durante a embriaguez, um estado anterior à ressaca, e podem ajudar com eventuais vômitos, mau odor e outros estados característicos de quem está “alto”. Mas no “pós”, o resultado prático é nulo, e não tem efeito na metabolização do álcool. O mesmo vale para mergulhar a cabeça em água gelada, que apesar de proporcionar um prazer momentâneo, não é prático cientificamente.

Exercícios físicos

“Conheço pessoas que falam que correm e sentem o álcool evaporar através da pele — menciona o representante do CISA. Exercícios físicos contribuem na ressaca, mas de outra forma. E, assim como a hidratação, quase sempre é aconselhável, pois acelera o metabolismo e, consequentemente, colabora na performance das células responsáveis pela eliminação do etanol do corpo. Leves caminhadas já ajudam.”

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