Que uma noite bem dormida é fundamental para a boa saúde ninguém questiona. O recomendado por médicos para um adulto saudável são de sete a nove horas de sono. Na prática, nem sempre isso é possível e muitas vezes é preciso encarar o dia seguinte após apenas poucas horas de descanso. Mas, como cada vez mais pesquisas científicas demonstram que, além do cansaço, essa falta de sono afeta muitos aspectos do nosso dia a dia, especialistas recomendam cuidados no dia seguinte à insônia, seja por que motivo for.
“Dormir menos horas do que o recomendado interfere em nossa atividade diária. A nível cognitivo, afeta a capacidade de manter a atenção e ficar alerta, assim como a memória. Também foi observado pior humor, diminuição do otimismo e da sociabilidade, e maior fadiga e irritabilidade”, enumerou Ana Fernández Arcos, neurologista do Barcelona Beta Brain Research Center, ao jornal El País.
Se a falta de sono se repetir por vários dias consecutivos ou se tornar crônica, o impacto é muito maior. Como diz María José Martínez Madrid, coordenadora do grupo de trabalho de cronobiologia da Sociedade Espanhola do Sono (SES), a privação de sono afeta o sistema imunológico, nos tornando mais propensos a doenças e infecções.
“Vários estudos mostraram que pessoas que experimentam falta de sono regularmente têm um maior risco de desenvolver problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e distúrbios de saúde mental, como ansiedade ou depressão”, destaca.
O sono perdido não se recupera, mas pode ser compensado. A melhor solução contra uma noite ruim é, simplesmente, dormir bem na noite seguinte. Mas antes que a noite caia, veja abaixo o que recomendam especialistas.
Recomendações
Tarefas perigosas: Dado o impacto que uma noite ruim tem sobre nossas capacidades físicas e mentais, Ana Fernández Arcos recomenda evitar tarefas complexas ou perigosas.
Conversas difíceis: A neurologista aconselha também que conversas difíceis ou que possam provocar discussões sejam deixadas para outra hora.
“Por ter uma regulação emocional pior e um controle de impulsos inferior, podemos nos tornar mais passionais em nossas discussões do que seríamos se tivéssemos dormido adequadamente. Também podemos ter menos capacidade de identificar erros”, argumenta.
Decisões importantes
A neurofisiologista Ainhoa Álvarez recomenda evitar, na medida do possível, tomar decisões sobre temas importantes no dia seguinte a uma noite difícil, pois a falta de sono nos torna menos racionais e mais impulsivos.
Prudência ao dirigir
Arcos destaca a importância de ser prudente ao dirigir ou operar máquinas pesadas, já que dormindo pouco é normal que apresentemos “menor grau de vigilância e de alerta”.
“A privação crônica de sono tem sido associada a um maior risco de acidentes de trânsito e de trabalho: até 10% são devidos a sono insuficiente. Segundo levantamento de autoridades espanholas, a sonolência intervém em 15% a 30% dos acidentes de trânsito no país. Estudos indicam que dirigir com sono é comparável a fazê-lo com uma taxa de alcoolemia no sangue de 0,10 g por litro.”
Sol e exercício físico
Os efeitos de uma noite ruim podem ser combatidos para melhorar nosso dia. Martínez Madrid destaca a importância da exposição à luz solar e do exercício físico:
“A luz natural regula nosso relógio biológico e estimula a produção de hormônios, como a serotonina, que melhora o humor e a energia. Além disso, o exercício físico aumenta a circulação sanguínea e a liberação de endorfinas. Isso aprimora a atenção e reduz a sensação de fadiga, contrabalançando os efeitos da falta de sono”, explica.
Cochilar ou não?
Será que vale a pena um cochilo? A resposta é sim, mas com condições. O recomendável é um período curto, de cerca de 15 a 30 minutos. O cochilo longo resulta em um despertar pior e pode dificultar o sono à noite.
Cafeína
Já as bebidas com cafeína podem ser úteis, pois, como explica a neurofisiologista, promovem a vigília e atuam como inibidores de adenosina, mas é fundamental consumi-las com moderação e parar pelo menos seis horas antes de ir dormir.
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O Sul