A nadadora Ana Marcela Cunha começou a dar suas primeiras braçadas aos 2 anos de idade. Aos 8, ela trocou as piscinas pelo mar aberto; aos 16, disputou sua primeira Olimpíada, a de Pequim, na China; e aos 28, conquistou sua primeira medalha de ouro, em Tóquio, no Japão. Hoje, aos 31, é considerada uma das melhores atletas de maratona aquática do planeta, sete vezes campeã do mundo em águas abertas.
A atual campeã olímpica afirma nunca ter passado mal (treinando ou competindo) depois de comer. Ela sempre dá um intervalo de uma hora entre a refeição e o início de um treino e de, pelo menos, duas antes de uma competição. “Nunca senti qualquer mal-estar”, garante a atleta. “Mas já vi nadadores terem ânsia de vômito por ingerirem alimentos e até suplementos minutos antes de uma prova”.
Nadar depois das refeições, garantem os especialistas, não faz mal à saúde. Mesmo assim, eles orientam os nadadores, profissionais ou amadores, que prestem atenção tanto ao tipo de refeição quanto à intensidade do exercício. “A recomendação depende do quanto o indivíduo comeu e do quanto de esforço ele vai fazer”, explica Wilson Roberto Catapani, presidente da Sociedade de Gastroenterologia de São Paulo (SGSP). “Se a refeição for habitual e a prática recreacional, não há problema”.
A exceção da regra, ressalva, é o consumo de álcool: “Sua ingestão é contraindicada na praia ou na piscina”.
Agora, se a refeição for pesada e o ritmo intenso, os médicos recomendam cautela. “Alimentos ricos em proteína têm um tempo de digestão mais longo”, avisa o gastroenterologista Daniel Machado Baptista, do Hospital Nove de Julho, em São Paulo. Dois exemplos clássicos de “refeições pesadas” são o churrasco e a feijoada. O ideal nesses casos é esperar de três a quatro horas para entrar na piscina ou cair no mar.
“Essa recomendação vale para toda e qualquer atividade intensa, como corrida ou musculação”, complementa o gastro Álvaro Delgado, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na capital paulista. “E não só a natação”.
Refeições pesadas
Toda vez que terminamos de comer, nosso organismo prioriza a digestão. Por essa razão, todo o fluxo sanguíneo é direcionado para o estômago, entre outros órgãos do aparelho digestivo. “Não por acaso, sentimos sonolência depois das refeições”, pontua a médica do esporte Esthela Oliveira.
O problema é quando resolvemos praticar atividade física intensa, dentro ou fora d’água, depois de comer. O sangue que deveria ir para o estômago é deslocado para os músculos. Conclusão: esse desvio de rota atrapalha a digestão e pode causar problemas gastrointestinais, como vômitos e náuseas.
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