Economia

Por que o preço da carne não engata queda mesmo com suspensão das exportações

Um dos itens mais tradicionais nas refeições dos brasileiros, a carne é um dos produtos que mais pressiona o orçamento das famílias na hora de fazer as compras atualmente. Neste ano, esse grupo, incluindo cortes bovinos e de porco, subiu 13,98% na região metropolitana de Porto Alegre, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no país, de setembro. No país, a alta é de 8,52%. 

A suspensão das exportações de carne bovina brasileira para a China, oficializada em setembro, não teve efeito robusto na redução de preços para o consumidor final até o momento, mesmo com a queda no preço do boi gordo. O recuo no preço em outubro foi de apenas 0,31% após 16 meses seguidos de alta, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que mostra a prévia da inflação no país.

Especialistas ouvidos por GZH citam a pressão da inflação, a diferença entre o consumo interno e as exportação, a diminuição em abates e a diferença entre cortes como fatores que explicam a manutenção dos preços elevados mesmo com o embargo chinês. 

— Em momentos como esse, a gente vai produzir menos boi, vai abater menos. O animal que seria abatido não vai ser abatido. Não vai sobrar carne pro consumidor. Não vai baixar o preço — afirma o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antonio da Luz. 

Abaixo, veja alguns dos fatores que explicam esse movimento: 

Consumo local
O coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), da UFRGS, professor Júlio Barcellos, afirma que a carne consumida no Rio Grande do Sul é prioritariamente produzida no Estado. O Rio Grande do Sul exporta menos na comparação com outros Estados. Esse fato faz o impacto do embargo chinês ser menor aqui, segundo o professor. 

Mercados diferentes
Economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, afirma que o volume produzido para exportação não é o mesmo voltado para o consumo interno no país. Os dois produtos não competem. Portanto, não é uma matemática simples, onde menos saída de um gera preço melhor no outro.

— Nós exportamos o excedente. Exportamos aquilo que é para ser exportado. Que o brasileiro não consegue comer. Nós produzimos bem mais do que o brasileiro consome — explica o economista.

Menos abates
O embargo da China não significa necessariamente que tem muito mais carne no mercado interno. Com menos esse cliente para exportação, os produtores acabam freando o ritmo dos abates de gados, segundo o economista-chefe da Farsul. Essa manobra evita um número maior de carne que não seria vendida. 

Cortes diferentes
O economista-chefe da Farsul afirma que existe uma diferença entre os cortes destinados para o mercado interno em relação aos enviados para exportação. O brasileiro geralmente consome mais carnes da parte traseira do gado. Por outro lado, a carne da dianteira é geralmente enviada para exportação. Isso também diminui o impacto do embargo nos preços no país. 

Inflação
Não é só apenas a carne que está com preço salgado. Você já deve ter notado o preço de diversos produtos disparar nos supermercados, entre eles, o feijão e o açúcar. Sem contar a conta de luz e os gastos com combustíveis que acumulam aumentos expressivos neste ano. Essa escalada de preços ocorre diante de uma pressão inflacionária que assola o país e de uma crise hídrica que não dá trégua. Tudo isso encarece o preço dos produtos, passando pela produção e por todo caminho que os itens percorrem antes de chegar na prateleira por o consumidor. 

Quando deve ocorrer redução de preços? 
Segundo os especialistas, ainda não é possível estimar esse movimento. O coordenador do Nespro afirma que a redução de preços ocorre em um cenário de aumento da oferta de produto. No caso específico do Rio Grande do Sul, Barcellos destaca que o preço da carne ficaria mais barato com aumento na produção de gado. No entanto, o professor destaca que, além de estimular a produção, é necessário a recuperação da economia e, consequentemente, da renda das famílias para criar um ambiente favorável. Se isso ocorrer, o consumidor vai ter mais dinheiro para comprar carne e outros alimentos, o que fortalece o setor.

Promoções 
O professor Júlio Barcellos afirma que, mesmo que não haja um cenário de redução geral do preço da carne, desde setembro, já é possível encontrar alguns cortes com valores promocionais no mercado. Alguns desse itens são produtos de outros Estados, que seriam destinados para a exportação. O coordenador do Nespro sugere aos consumidores aproveitar essas ofertas e congelar o produto para otimizar o orçamento e garantir carne para as festas de fim de ano.

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 GZH

Tres Passos News

Direção e redação.

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