Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre) mostrou quais são as profissões mais bem remuneradas no Brasil. Com um salário médio que ultrapassa os R$ 18 mil, os médicos especialistas estão no topo da lista, que tem, em seguida, os matemáticos, atuários e estatísticos e médicos gerais.
A pesquisa, assinada pela doutora em Economia e pesquisadora Janaína Feijó, utiliza microdados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao 2º trimestre de 2023 e levou em consideração trabalhadores do setor privado e com Ensino Superior.
— Com a pandemia da Covid-19, muitas transformações tecnológicas que estavam em curso foram aceleradas, gerando uma maior demanda por trabalhadores com conhecimento nas áreas STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemáticas) e uma maior valorização das habilidades socioemocionais — explica a especialista.
Apenas quatro tipos de profissões apresentaram rendimentos maiores do que R$ 10 mil no período, ainda que tenham sofrido redução na ganho médio real na última década: médicos especialistas (R$ 18.475); matemáticos, atuários e estatísticos (R$ 16.568); médicos generalistas (R$ 11.022) e geólogos e geofísicos (R$ 10.011).
O levantamento destaca, ainda, que algumas ocupações ligadas às ciências da tecnologia registraram aumento na valorização salarial na última década. Desenvolvedores de páginas de internet e multimídia ganham 91% a mais do que em 2012, desenvolvedores de programas e aplicativos, 39%, e desenhistas e administradores de bases de dados, 30%.
Ranking dos mais bem pagos
Confira a lista das profissões mais bem pagas no Brasil em 2023 e seus salários médios:
- Médicos especialistas (R$ 18.475)
- Matemáticos, atuários e estatísticos (R$ 16.568)
- Médicos gerais (R$ 11.022)
- Geólogos e geofísicos (R$ 10.011)
- Engenheiros mecânicos (R$ 9.881)
- Engenheiros não classificados anteriormente (R$ 9.451)
- Desenvolvedores de programas e aplicativos (R$ 9.210)
- Engenheiros industriais e de produção (R$ 8.849)
- Economistas (R$ 8.645)
- Engenheiros eletricistas (R$ 8.433)
Mais estudo, menos desemprego
Com o estudo do FGV/Ibre, Janaína relaciona a educação como elemento-chave para conquista de bons empregos e, consequentemente, maiores salários.
— Pessoas que têm superior completo ganham, em média, quatro vezes mais do quem tem menos de um ano de estudo; 2,5 vezes mais do os que tem médio incompleto e duas vezes mais do que quem tem superior incompleto — diz o estudo.
Segundo a pesquisadora, há uma relação inversa entre desemprego e nível de instrução, ou seja, quanto maior o grau de escolaridade de uma pessoa, menor as chances de permanecer desempregada.
— Apenas 3,8% das pessoas que têm Ensino Superior completo estão desempregadas. Já entre os que têm médio completo ou não finalizaram o médio essa taxa é de 9,2% e 13,6% — relata a pesquisa.
Salário médio, de acordo com o grau de instrução:
- Menos de 1 ano de estudo: R$ 1.396
- Fundamental incompleto: R$ 1.652
- Fundamental completo: R$ 1.867
- Médio incompleto: R$ 1.716
- Médio completo: R$ 2.172
- Superior incompleto: R$ 2.793
- Superior completo: R$ 5.891
Diploma, uma vitória distante
Embora ter formação em Ensino Superior tenha mais probabilidade de proporcionar maiores ganhos salariais no país, apenas 23% da população ocupada no Brasil têm esse nível de instrução. Há dez anos, no entanto, esse percentual era menor, em torno de 14%.
Dos 98,8 milhões de trabalhadores em uma das 126 profissões listadas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (Pnad Contínua), cerca de 76 milhões (77%) não têm diploma.
Pessoas com Ensino Médio ou Ensino Superior incompleto representam 43% e trabalhadores com Ensino Médio incompleto ou menos somam 34%.
A outra ponta
O estudo também apontou as ocupações com as menores remunerações, conforme os mesmos critérios. Os profissionais das ciências ou intelectuais com Ensino Superior e que trabalham no setor privado com menores rendimentos no Brasil estão associadas ao ensino, principalmente, da educação básica.
Ranking dos menos pagos
- Professores do ensino pré-escolar (R$ 2.285)
- Outros profissionais de Ensino (R$ 2.554)
- Outros professores de Artes (R$ 2.629)
- Físicos e astrônomos (R$ 3 mil)
- Assistentes sociais (R$ 3.078)
- Bibliotecários, documentaristas e afins (R$ 3.135)
- Educadores para necessidades especiais (R$ 3.379)
- Profissionais de Relações Públicas (R$ 3.426)
- Fonoaudiólogos e logopedistas (R$ 3.485)
- Professores do Ensino Fundamental (R$ 3.578)
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