Educação
Foto: UFSM

Um projeto inédito no país colocou o nome de São Borja em destaque no cenário da inovação automotiva brasileira. O estudante são-borjense Augusto Graziadei Folletto é o autor do primeiro veículo do Brasil convertido para funcionar com combustão interna a hidrogênio, desenvolvido no Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

O trabalho chamou a atenção de quem passou pelo hall do prédio 7 do Centro de Tecnologia nesta terça-feira (10), onde um Fiat Siena estava estacionado dentro do saguão, envelopado em verde e repleto de logotipos de empresas e agências de fomento. O veículo não estava ali por acaso: trata-se de um demonstrador tecnológico resultado do trabalho de conclusão de curso de Augusto, no curso de Engenharia Mecânica.

Natural de São Borja, Augusto integra o Grupo de Pesquisa em Motores, Combustíveis e Emissões (GPMOT) da UFSM e desenvolveu o projeto sob orientação do professor Mario Eduardo Santos Martins, com coorientação do professor Thompson Diórdinis Metzka Lanzanova. O modelo manteve todas as características originais de fábrica, mas passou a utilizar o hidrogênio como combustível, alcançando emissões de poluentes praticamente nulas — tendo como subproduto apenas água ou vapor d’água.

A ligação do estudante com a mecânica vem de muito antes da universidade. Desde guri, ainda criança, Augusto já demonstrava interesse por motores, carros e motocicletas. Aos 15 anos, começou a trabalhar com mecânica, experiência prática que incluiu manutenção e convivência diária com veículos. Essa vivência, segundo professores e colegas, foi decisiva para o desenvolvimento do projeto, unindo conhecimento acadêmico e prática de oficina.

A pesquisa está inserida no Programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística, política federal voltada à inovação no setor automotivo. O veículo convertido é resultado de diferentes projetos conduzidos pelo GPMOT, com financiamento de instituições como CNPq, Finep e Fapergs, com destaque para o projeto “Desenvolvimento de Motor Automotivo Movido a Biohidrogênio para o Mercado Brasileiro”, financiado pela Chamada Pública nº 3/2021 do Programa Rota 2030/FUNDEP.

O projeto foi coordenado pela professora Nina Paula Gonçalves Salau, do Departamento de Engenharia Química, em parceria com as empresas Marelli e TCA-HORIBA. A empresa FuelTech também teve papel fundamental, fornecendo o sistema de controle do motor por meio de um acordo de cooperação técnica com o laboratório.

Segundo o professor Mario Martins, o hidrogênio de origem renovável, conhecido como hidrogênio verde, é uma alternativa tecnicamente viável aos combustíveis fósseis como gasolina e diesel. No entanto, a adoção em larga escala ainda depende da ampliação da infraestrutura de produção, armazenamento e distribuição.

— A tecnologia já existe e é viável, mas a popularização depende do avanço da economia do hidrogênio — explica.

A expectativa é que veículos movidos a hidrogênio se tornem mais comuns entre 2030 e 2040, acompanhando a expansão do uso desse combustível em setores como indústria, transporte pesado e geração de energia. Após o êxito do protótipo atual, a equipe pretende avançar para a conversão de modelos mais modernos, ampliando o potencial da tecnologia.

O trabalho desenvolvido na UFSM reforça a integração entre universidade e indústria e contribui diretamente para a transição rumo a uma mobilidade mais limpa e sustentável, com um são-borjense na linha de frente de um avanço histórico para o setor automotivo brasileiro.

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SB News | Com informações da UFSM