A rodada final do Campeonato Brasileiro terminou com o pior cenário imaginado pelos colorados. O resultado paralelo inesperado veio: no Morumbi, o São Paulo venceu o Flamengo. Mas no Beira-Rio, contra um Corinthians sem nada a fazer, o Inter ficou no 0 a 0 e deixou escapar um título que, de fato, esteve muito próximo. Uma frustração do tamanho da expectativa e da oportunidade desperdiçada.
O Inter começou a partida querendo aparentar calma, mas não letargia. Trocar passes e procurar espaços. Sair sem proporcionar contra-ataques. Porque o Corinthians claramente tinha a postura de aguardar e jogar no erro colorado. O início teve o time de Abel procurando ataque pelo lado esquerdo, confiando em Patrick. Ao mesmo tempo, Heitor aparecia como boa opção pela direita, oferecendo alternativa ofensiva.
Ao mesmo tempo, no Morumbi, o Flamengo mostrava suas credenciais. Enquanto no Beira-Rio o time gaúcho tinha dificuldade para vencer a defesa corintiana, os cariocas criavam chances e obrigavam Tiago Volpi a trabalhar.
A partir dos 15 minutos, o Corinthians percebeu que o Inter estava retraído, possivelmente nervoso. Com mais força no meio-campo, aproveitou a marcação baixa e passou a atacar. Foi assim que criou a primeira boa chance. Lançado na direita, Cazares ajeitou para Ramiro, que bateu na rede do lado de fora, assustando Lomba.
Em São Paulo, o Tricolor paulista reclamou de um pênalti de Isla. O Inter chutou a gol pela primeira vez. Yuri Alberto ganhou de Jemerson e escorou para Edenilson. O camisa 8 avançou, entrou na área e bateu cruzado. Cássio defendeu. Aos 29, nova chance. Edenilson cobrou escanteio, Cuesta cabeceou, mas nas mãos do goleiro.
Dois minutos mais tarde, a falha do Corinthians que o Inter esperava ocorreu. Moisés desarmou o adversário ao lado do campo, tabelou com Patrick e arrancou. Quando se preparava para cruzar, foi interceptado por um carrinho de Ramiro. A bola pegou na mão do jogador. Na área. Wilton Pereira Sampaio não titubeou: pênalti. Fala daqui, reclama dali, mão na orelha. Quatro minutos depois, o árbitro resolveu consultar o vídeo. Voltou, aos 36 para anular a marcação.
Pouco depois, mancando muito, Dourado não aguentou as dores. Deitou no meio-campo e foi substituído por Lindoso.
Apesar de ainda lento, o Inter estava mais animado ofensivamente. Yuri Alberto quase fez, Gil bloqueou e mandou para escanteio. Aos 45, Patrick saiu a dribles pela direita, conduziu para o meio e entregou para Yuri Alberto. Com tranquilidade, o centroavante deu um leve toque por cima de Cássio. Gol. Na revisão, não havia dúvida nem polêmica: o colorado estava impedido, lance anulado.
Quase no final do primeiro tempo, gritaria de dirigentes, comissão técnica e jogadores não relacionados: Luciano, de falta, abriu o placar no Morumbi. Mais do que nunca, o Inter dependia só dele. O segundo tempo reservava um tudo ou nada. E, por ora, só no Beira-Rio.
O time voltou do intervalo sem trocas. Mas Abel já deixou Thiago Galhardo de sobreaviso, a qualquer momento, o goleador (aquela àltura vice, atrás de Luciano) seria acionado.
Aos quatro minutos, um lance que teria arrancado o maior dos “uuuhhh” do Beira-Rio, caso estivesse lotado como merecia essa rodada. Heitor fez um cruzamento em curva, procurante, Edenilson surgiu no meio da área, cabeceou para o chão. Cássio fez um milagre. No rebote, Yuri dividiu com Gil e a bola bateu na trave antes de sair.
Na mesma hora, Bruno Henrique aproveitou o desvio de Gustavo Henrique e empatou o jogo no Morumbi. O resultado paralelo ainda servia, mas de nada adiantava sem o gol de Porto Alegre.
O Inter insistia, ainda que não na velocidade que se esperava. Patrick, pela direita, cruzou e Cássio interceptou.
Gritos. Pablo fazia 2 a 1 para o São Paulo, aumentando a vantagem _ e de certa forma a pressão do Inter para fazer um gol. Aos 18, passa daqui, toca dali e Caio Vidal resolve arriscar. Chute forte, rasteiro. A bola quica, Cássio dá leve desviada e a bola carimba a trave.
Seguia a pressão. Após escanteio, Praxedes cabeceou prensado, para fora. Novo córner. Agora quem cabeceia é Lucas Ribeiro. Cássio pega firme.
Aos 23, Abel chamou Thiago Galhardo e Abel Hernández. Saíram Yuri Alberto e Praxedes.
Na ânsia de ir ao ataque, porém, o Inter começou a confundir velocidade com pressa. A bola passou a viajar sempre por cima, facilitando o trabalho dos corintianos.
Quando Peglow e Lucas Mazetti entraram, o time seguiu tentando, mas uma pilha de nervos. Lucas Ribeiro quase fez, cabeceando para fora uma cobrança de escanteio.
A pressão nos minutos finais foi intensa e desorganizada. O Corinthians segurou, administrou. E o Flamengo foi campeão.
GZH