Estado
Foto: Anselmo Cunha / Agencia RBS

Projeções meteorológicas indicam que o Rio Grande do Sul deve ter temperaturas acima da média e chuvas abaixo do normal nos meses de desenvolvimento da soja. As lavouras começaram a ser semeadas em outubro e a nova safra está em alerta.

A incidência do La Niña tende a reduzir ainda mais a distribuição das chuvas em parte do Estado. Conforme o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, os modelos climáticos apontam um cenário que exige cautela, já que a previsão é de chuvas entre 50 e 100 milímetros abaixo do normal.

— As projeções para dezembro e janeiro indicam temperaturas entre 0,5ºC e 1ºC acima da média e precipitações abaixo do padrão. Não é uma tragédia anunciada, mas aumenta a probabilidade de estiagens — afirma.

Segundo o pesquisador, o risco não é homogêneo. A Zona Sul e a Fronteira Oeste tendem a sentir os impactos de forma mais intensa, com chances de perdas em lavouras de sequeiro.

O cenário ajuda a explicar porque algumas regiões retardaram o plantio da soja. O período de chuva no inverno empurrou para mais tarde o plantio de trigo e, consequentemente, a safra de soja. Por isso, a produção ficou mais concentrada.

Estratégias para reduzir perdas

De acordo com Cunha, a principal orientação a curto prazo é diversificar para diluir os riscos:

— Quem ainda não plantou deve evitar concentrar toda a área num único momento. A diversificação de épocas e de grupos de maturidade das cultivares é fundamental. 

Outra medida considerada indispensável pelo pesquisador é a adesão ao seguro agrícola, para o produtor poder transferir parte do risco, especialmente em um ano de maior chance de estiagem. O preparo do solo também é fator determinante para a resiliência das lavouras.

— O melhor lugar para armazenar água da chuva é o solo. Para isso, é preciso um perfil bem construído, sem camadas compactadas ou barreiras químicas como alumínio tóxico — explica.

Assim, três práticas essenciais são destacadas:

  • plantio direto pleno, com cobertura vegetal durante todo o ano;
  • plantio em nível ou em contorno, para aumentar a infiltração da água;
  • sistematização das áreas, como terraceamento em locais com declividade acima de 4%.

A eliminação do “vazio outonal”, ou seja, períodos em que a área fica sem cultivo e tomada por plantas daninhas, também é vista como prioridade para melhorar o armazenamento de água e reduzir a competição por nutrientes.

Embora o risco climático seja maior que nos últimos dois anos — de forte influência do El Niño —, o cenário não indica, até o momento, uma estiagem severa e generalizada. A produtividade final dependerá da distribuição das chuvas entre dezembro e fevereiro, período decisivo para a soja.

Gaúcha ZH

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