Estado
Foto: Arquivo/Três Passos News

O calorão sentido pelos gaúchos neste domingo (27) foi tão intenso que saiu dos termômetros para entrar na história climática do Rio Grande do Sul.

A temperatura de 42,9°C registrada em uma estação automática do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) localizada no município de Uruguaiana, na Fronteira Oeste, foi a mais alta já observada oficialmente no Estado desde que tiveram início as medições de forma regular, na década de 1910.

Conforme dados oficiais do Inmet compilados pela Climatempo, a tórrida marca verificada por volta das 15h superou por pouco o recorde anterior. Em 1943, a cidade de Jaguarão, no Sul, havia anotado 42,6ºC — mesmo patamar registrado anteriormente também em Alegrete, em 1917.

Quase oito décadas depois de ser alcançado pela última vez, esse teto climático foi rompido em razão de uma combinação de fatores atmosféricos que não são tão raros — mas ocorreram em um cenário de temperaturas já bastante elevadas sobre o solo gaúcho.

O meteorologista da Climatempo César Soares explica que o Rio Grande do Sul já vinha sofrendo com um calor bastante intenso, impulsionado pela mesma falta de chuva dos últimos meses que chega a provocar perdas tão grandes nas lavouras a ponto de ameaçar derrubar em 8% o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado devido ao impacto negativo da quebra da safra sobre toda a economia. 

Mas os graus celsius seguiram se acumulando de forma nunca antes vista devido a uma segunda causa.

— Já estávamos com uma massa de ar bastante seca e quente mais para o Oeste do Estado. Como vinha se aproximando uma frente fria, se criou um sistema chamado pré-frontal, pelo qual os ventos mudam de direção e trazem mais ar quente do interior do país e da América do Sul em direção a essa frente fria . Ou seja, houve uma somatória de calor que resultou nessa temperatura histórica — explica César Soares.

Conforme os registros detalhados da tabela da estação meteorológica A809, o dia já amanheceu quente em Uruguaiana, por volta de 28ºC, e a temperatura seguiu aumentando sem parar. No intervalo de apenas uma hora, entre as 10h e as 11h, os termômetros saltaram quase três graus e chegaram a 37,7ºC. Quatro horas mais tarde, atingiram a marca recorde.

Depois do calorão digno dos livros de história, o tempo deverá ficar instável durante o feriadão de Carnaval no Rio Grande do Sul. Em razão da chegada de uma frente fria, as pancadas de chuva devem ocorrer principalmente a partir desta segunda-feira (28) — e amenizar o clima infernal testemunhado neste final de semana.

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Gaúcha ZH