Um fraude que clona o clona o aplicativo de mensagens WhatsApp já afetou pelo menos 70 usuários no Rio Grande do Sul, conforme registros da delegacia especializada em combater crimes de informática em Porto Alegre. É o “golpe da vez”, resumem especialistas.
“Sequestrando” o aplicativo dos usuários, os golpistas se fazem passar pelos donos dos telefones para pedir dinheiro aos seus contatos.
Há duas variações do mesmo golpe. Na primeira modalidade, mais sofisticada, os falsários conseguem “roubar” a linha telefônica das vítimas, transferindo o número para outro chip. Assim, instalam o WhatsApp em outro aparelho e, então, passam a enviar mensagens para amigos e parentes do dono do aparelho.
Foi o que aconteceu com o celular um administrador de Caxias do Sul, que ficou mudo de uma hora para outra. “No momento que eles receberam, eles estranharam. Vieram falar comigo, na minha mesa, e mostrando as mensagens. Daí que a gente viu que era um golpe”, diz o administrador, que pediu para não ser identificado.
A modalidade adotada mais frequentemente usa falsas mensagens de um site de compras para solicitar os códigos que permitem instalar o aplicativo em outro aparelho. Como o envio da senha pelo WhatsApp vai para o aparelho do usuário, eles enviam uma mensagem à pessoa, solicitando esse código, que seria para confirmar o cadastro no site.
“Eles solicitam o código de segurança, só que esse código de segurança é do WhatsApp, e não da confirmação de cadastro no site. Depois que é enviado esse código, eles configuram no aparelho deles e assumem a conta. Esse tipo de golpe tem sido comum usando essa técnica, então é preciso ter muito cuidado em divulgar o telefone pessoal”, explica Ronaldo Prass, especialista em tecnologia.
Foi o que aconteceu com um o vendedor Marcelo Franco, de Carazinho, no Norte do estado. O aplicativo dele parou de funcionar assim que informou o suposto código de confirmação de cadastro, que, na verdade, era a senha do WhatsApp.
“Um amigo meu me ligou [e disse]: ‘Marcelo, te arrumo R$ 1,5 mil agora e o restante pode ser para amanha?’. Perguntei: ‘do que você está falando?’ Aí ele: ‘você acabou de pedir dinheiro por whats’. Teve um amigo meu que depositou. Na hora ele fez, porque ele tinha um aplicativo do banco no celular, e fez uma transferência de R$ 1.550”, conta o vendedor.
O delegado André Anicet, da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos de Porto Alegre, diz que ainda não tem pistas dos autores do golpe. “Possivelmente os dados cadastrais daquele telefone [usado pelo golpista] são falsos ou laranjas, ou até de fora do estado, o que dificulta a nossa ação”, diz Anicet.
Especialistas dizem que usuários dos aplicativos nunca devem fornecer códigos por telefone. Outra dica é ativar, no WhatsApp, a verificação em duas etapas. “Então o criminoso, mesmo com o código de segurança, dificilmente vai conseguir alterar isso, e não vai conseguir clonar o aplicativo”, explica Ronaldo Prass.
O site de compras diz que não costuma enviar mensagens aos clientes e que está à disposição da polícia pra colaborar com as investigações.
G1RS