Se os gaúchos não respeitarem o distanciamento controlado e as regiões em bandeira vermelha não registrarem redução da velocidade de disseminação do coronavírus nas próximas semanas, não haverá como fugir de restrições mais severas, como uma bandeira preta ou até mesmo um lockdown, admitiu o governador Eduardo Leite. O reitor da UFPel e coordenador da maior pesquisa no mundo sobre prevalência da Covid-19, defendeu o fechamento total por 15 dias no Estado e no Brasil.
Segundo o governador, a bandeira vermelha que passou a valer nesta terça-feira (30) em seis regiões do Estado – Porto Alegre, Canoas, Capão da Canoa, Novo Hamburgo, Passo Fundo e Santo Ângelo-, atingindo mais de 5,2 milhões de gaúchos, já impõe medidas severas de limitação de circulação de pessoas e de atividades, mas se não houver colaboração da população, não haverá outro caminho a seguir.
“Se essas regiões não reduzirem a velocidade de disseminação do vírus, poderão vir a entrar numa bandeira peta, com mais restrições e, se ainda permanecer uma bandeira preta com velocidade de disseminação do vírus maior, não haverá outro caminho que não seja o lockdown para essas regiões”, reforçou o chefe do Executivo estadual, durante live pelo Facebook nessa segunda-feira (29).
A maior demanda por leitos de UTI, que é um dos indicadores mais relevantes para a definição das bandeiras, provoca falta de medicamentos para cuidados de pacientes. Hospitais tiveram de cancelar cirurgias eletivas (não urgentes) para reduzir uso de remédios.
Leite descordou, no entanto, do posicionamento do reitor da Universidade Federal de Pelotas, que defendeu as duas semanas de lockdown, em entrevista ao Jornal do Comércio, como forma de derrubar a curva de casos. Para o governador, as peculiaridades regionais e dimensões continentais do País impedem restrições comuns a todos.
“Respeito a opinião do reitor Pedro Hallal, no entanto, acho que um País continental como o Brasil tem situações absolutamente distintas e pensar num lockdown é impor restrições e sofrimento do ponto de vista econômico desproporcional ao que se está vivenciando em cada uma das regiões”, comentou.
O chefe do Executivo gaúcho disse ainda que o distanciamento controlado adotado no Estado é consistente justamente por buscar um equilíbrio em relação às realidades regionais. “Não é razoável impor um sacrifício do ponto de vista econômico desproporcional ao que se está observando do ponto de vista sanitário. Aqui no Rio Grande do Sul o nosso modelo dá conta do recado, onde se observa maior incidência (da Covid-19), se impõe maior restrição, e é dessa forma que a gente melhor concilia a proteção à vida com a manutenção das atividades econômicas”, disse.
Ele avaliou ainda que teremos de conviver com a pandemia por muito tempo, enquanto não houver cura ou vacina disponível para o novo coronavírus, e que o desafio é manter a disseminação com menor crescimento possível, para garantir a capacidade de atendimento da estrutura hospitalar. “Por isso, pedimos a colaboração de todos, para que possamos evitar medidas mais restritivas. Se todos colaborarem e fizerem sua parte, não haverá razões para que tenhamos mais restrições”, enfatizou.
Jornal do Comércio