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Foto: Filipe Duarte / Agência RBS

A Paróquia Nossa Senhora de Belém, no bairro Belém Novo, virou um dos principais pontos de abrigo na zona sul de Porto Alegre para vítimas da enchente. Com mais de 100 colchões espalhados no salão paroquial da igreja, o lugar recebe desabrigados de vários bairros da Capital, que recebem atendimento médico e psicológico, além de terem um lugar para ficar e se alimentar.

Entre as pessoas atendidas, está Dorenir da Silva Constante, de 54 anos, que até o último sábado (4), vivia no bairro Floresta.

— Já escapei de um incêndio. Agora escapei de uma enchente. Não sei nem como explicar — disse ela, antes de se emocionar.

Antes de ficar ilhada na zona norte com a elevação do nível do Guaíba, Dorenir viveu na Pousada Garoa que, no final de abril, pegou fogo e matou mais de 10 pessoas, no incêndio com a maior quantidade de óbitos em Porto Alegre desde 1976.

— Morei por um ano lá. Às vezes nem dormia lá dentro porque não me sentia bem. No meu quarto, não tinha janela, e eu não conseguia respirar direito. Eu morava no primeiro andar. Ouvi um barulho e sentei na cama. Pensei que era briga, mas me disseram que tinham colocado fogo. Então, saí correndo. Saí de manga curta e pé no chão. Fui a terceira pessoa a sair lá de dentro. Perdi amigos e vi um sair morto. O fogo era demais. Nunca mais quero morar em pousada — desabafou.

Após o incidente, Dorenir foi morar com a filha em um prédio na rua Comendador Coruja, no bairro Floresta. Em menos de um mês, foi obrigada a deixar a moradia às pressas novamente. Desta vez, a causa era a mesma que atingiu grande parte da região metropolitana: os alagamentos no Quarto Distrito.

— Quando acordei, a água já tinha tomado conta da rua. Estávamos no segundo andar e olhando pela janela quando veio um barco do Exército com o pessoal dizendo: “Se vocês não saírem agora, vai encher de água e não vão sair mais”. Aí largamos tudo e saímos. Deu tempo só de pegar meus bichinhos — contou ela, abraçada na pequena cadelinha Shakira, que recebeu atendimento veterinário em uma praça em frente à igreja no Belém Novo que há três dias serve de casa para inúmeras famílias.

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Gaúcha ZH