Espécie de meteoro, o bólido avistado no Rio Grande do Sul na noite de quinta-feira (6), por volta de 22h35min, tem o tamanho de uma bola de futebol e viajou da Argentina ao Brasil a uma velocidade de 50 mil km/h — percorreu 200 quilômetros em 13,5 segundos. A análise foi feita por Marcelo Zurita, diretor-técnico da Brazilian Meteor Observation Network (Bramon), após ter acesso a imagens do fragmento de rocha espacial que ingressou na atmosfera terrestre. O fenômeno, que não é incomum, também foi relatado na Argentina, no Uruguai e em Santa Catarina.
Conforme a Bramon, o fragmento surgiu a 57 quilômetros de altitude na cidade argentina de 25 de Mayo, e viajou até o Rio Grande do Sul. Ao norte de Jari, na Região Central, atingiu 27 quilômetros de altitude. Ao longo de sua trajetória, o meteoro vai se fragmentando ao entrar em contato com a atmosfera terrestre.
Saiba mais sobre o bólido
Qual a diferença entre meteoro, bólido e asteroide?
Zurita explica que o sistema solar, além de planetas e satélites, é composto por pequenos pedaços de rocha que ficam na órbita do sol. Algumas delas são minúsculas e têm menos de um grama. Quando um desses fragmentos entra na atmosfera da Terra, provoca um fenômeno luminoso.
Na prática, o bólido é um meteoro (fireball). O que o diferencia dos demais é que ocorre uma explosão no fim. O asteroide é maior, com mais de um metro de diâmetro.
Por que foi afastada a hipótese de lixo espacial?
Quando o bólido foi avistado na quinta-feira, especulou-se que poderia se tratar da reentrada de lixo espacial na Terra. As características de velocidade afastaram a hipótese.
— A diferença básica entre um meteoro e uma reentrada de lixo espacial é a velocidade. O lixo espacial é mais lento — justifica o especialista.
O fenômeno é comum?
Zurita afirma que estudos recentes estimam que cem toneladas de material espacial entram na Terra todos os dias. A maioria são pequenos fragmentos, do tamanho de um grão de areia. Algo semelhante ao observado na noite de quinta, diz o especialista, ocorre em torno de uma vez a cada 15 dias:
— Objetos tão brilhantes assim é mais difícil.
Há locais mais propícios para a queda de meteoros?
Zurita afirma que não. Mas boa parte cai nos oceanos, já que as águas somam a maior parte da superfície terrestre. O especialista diz que o Rio Grande do Sul está sendo privilegiado neste ano: em abril um bólido foi avistado no Litoral.
Por que houve barulho e tremor?
Esses fragmentos, quando atingem as camadas mais densas da atmosfera, liberam muita energia.
— Quando isso acontece, a atmosfera vai freando o objeto até chegar ao ponto em que o material se fragmenta e há choque sônico. Esse barulho é um grande deslocamento de ar que provoca tremores nas paredes e janelas — explica Zurita.
Gaúcha ZH