Com a escassez de oportunidades e vivendo de bicos em Sarandi, no Norte do estado, Valderi Gonçalves, de 45 anos, se mudou para Passo Fundo em busca de um emprego. Ele seria mais um à procura de trabalho se não fosse a maneira criativa como fez circular seu currículo pela cidade: colando os cartazes nos postes.
O texto simples, objetivo e escrito à mão cativou os passo-fundenses. Em pouco tempo, a iniciativa ganhou a boca do povo e o celular de Valderi começou a tocar como nunca.
“Tenho uma proposta pra trabalhar de mestre de obra. Já trabalhei, tenho experiência. Vou conversar na sexta. A princípio não assinaria a carteira, mas poderia efetivar”, empolga-se.
Achando que um município maior ofereceria mais oportunidades, ele se surpreendeu com o impacto da crise do coronavírus no mercado de trabalho da cidade. “Quando cheguei comecei a me apavorar. Agora, volto de ré ou faço o quê? Começou a bater o desespero. Depois dos cartazes, tem melhorado”, afirma.
Valderi espalhou 15 cartazes em uma semana, principalmente pela região da Avenida Brasil e no entorno do Hospital São Vicente de Paulo. O mínimo de atenção que recebe já é de grande contribuição para aumentar o ânimo dele. “Povo tem procurado pra ajudar de várias formas, dando força”, destaca.
Ele se considera um “faz-tudo” na área da construção civil: pedreiro, carpinteiro, azulejista, pintor. Enquanto isso, Valderi faz pequenos trabalhos como encanador e instalador.
“A sociedade tem me aceitado muito bem. Não esperava tanto”, comemora.
O objetivo é colaborar com as despesas do filho de cinco anos e da filha de quatro. Eles moram com a mãe de Valderi, uma aposentada de 67 anos, que cuida e educa as crianças enquanto o pai procura emprego.
“Precisa correr atrás com honestidade. No mais simples gesto, as pessoas conseguem ver nossa força de vontade. Garra, coragem, vontade e honestidade”, resume.
G1 RS