Foto: MYCCHEL LEGNAGHI
Como vai ser o clima em julho? O mês é o segundo do denominado inverno climático que é compreendido pelo trimestre dos meses de junho, julho e agosto. Por isso, julho é o mês central da estação inverno e, como efeito, historicamente costuma registrar ondas de frio.
O mês tem em sua história grandes e intensas ondas de frio, como se viu, por exemplo, no ano 2000, quando quase todo o Sul do Brasil ficou abaixo de zero. Ou na grande nevada de 2013 em Santa Catarina e no Paraná. Ou ainda na nevada que branqueou a Serra Gaúcha nos últimos dias do mês em 2021.
No Rio Grande do Sul, pelos padrões históricos, julho costuma ser um mês chuvoso enquanto no Centro do Brasil se instala a estação seca com precipitações escassas no Centro-Oeste, no Sudeste e mesmo em parte do Paraná, o que favorece o aporte de umidade em direção às latitudes médias como do Centro da Argentina, Uruguai e o estado gaúcho.
No caso de Porto Alegre, julho tem uma temperatura mínima média histórica de 10,4ºC, a menor entre os meses do ano. Já a temperatura máxima média é de 19,7ºC, também a mais baixa entre todos os meses do calendário.
A temperatura média mensal de julho na capital gaúcha é de 14,1ºC, a menor entre os meses do ano, 0,7ºC abaixo da de junho que é a segunda mais baixa e 1,6ºC inferior à de agosto, a terceira menor entre todos os meses do ano. Com isso, de acordo com as normais climatológicas da série 1991-2020, julho é o mês mais frio do ano na capital gaúcha pelos padrões históricos.
Já a precipitação média de julho na cidade é de 163,5 mm, a mais alta entre todos os meses do ano, sendo seguida por outubro (153,2 mm), setembro (147,8 mm) e junho (130,4 mm). A precipitação média mensal de 16,5 mm corresponde à nova normal mensal climatológica com base na série 1991-2020.
Uma comparação entre as séries histórica 1961-1990 e 1991-2020 mostra que no caso da cidade de Porto Alegre o mês de julho ficou mais frio e chuvoso nas última três décadas. A média mínima em 1961-1990 era de 10,7ºC e passou a ser 10,4ºC na série 1991-2020. A média máxima subiu de 19,6ºC para 19,7ºC entre as normais 1961-1990 e 1991-2020.
Na série de 1961-1990, julho era o quarto mês mais chuvoso em Porto Alegre com 121,7 mm (atrás de agosto com 140,0 mm, setembro com 139,5 mm e junho com 132,7 mm) e agora é o mais chuvoso com 163,5 mm nas normais 1991-2020.
Os últimos três meses de julho foram com o Oceano Pacífico Equatorial mais frio que a média e em condições de La Niña ou quase La Niña. Este será o primeiro julho com a faixa equatorial do Pacífico aquecida desde 2019 e, mais, sob um evento de El Niño instalado e em intensificação.
Conforme dados do final de junho, considerando todos os episódios de El Niño nos últimos 70 anos, somente em 1997 e 2015 a temperatura da superfície do mar estava mais quente que agora no Pacífico Equatorial Centro-Leste, região onde se verifica a intensidade do El Niño. Sem considerar o Pacífico Leste, perto da América do Sul, que passa por um dos maiores aquecimentos já vistos.
De acordo com a última atualização, da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central neste final de junho era de +1,0ºC, logo na faixa de El Niño moderado. Foi a primeira vez desde que o El Niño foi declarado no começo de junho que o Pacífico Central adentrou a intensidade moderada. No Pacífico Equatorial Leste, que no inverno tem influência na temperatura das latitudes médias da América do Sul, a anomalia era de +2,9ºC, portanto em patamar de aquecimento muito intenso e raramente visto.
A tendência é que ao longo do mês de julho o El Niño siga se intensificando, devendo passar a maior parte do mês com intensidade moderada, mas já não se descarta que possa adentrar pela primeira vez em território de El Niño forte (anomalia semanal de +1,5ºC ou maior). Com isso, os reflexos do aquecimento do Pacífico serão inevitáveis no clima.
Modelos de previsão de climática apresentam um elevado consenso sobre chuva abaixo da média e escassa entre o Centro-Oeste e a maior parte do Sudeste do Brasil em julho em padrão que pode ser esperado sob El Niño e durante a estação seca no Brasil Central, mas divergem muito sobre o comportamento da chuva no mês no Sul do Brasil, o que reduz a confiabilidade das projeções.
Parte do Sul do Brasil, especialmente cidades mais a Oeste, teria um julho com menos chuva. Os maiores volumes se concentrariam no Leste da região. O padrão de uma grande massa de ar seco e quente sobre o Brasil persistente com reflexos no Sul com escoamento zonal (de Oeste para Leste) mais ao Sul do continente sugere que a chuva pode aumentar na região de Buenos Aires e no Uruguai, o que levaria a um incremento da chuva também no Sul gaúcho.
É o que indica, por exemplo, o modelo climático europeu. Os mapas abaixo mostram a tendência semana a semana deste modelo para a América do Sul em que se observa a perspectiva de precipitações com menores volumes na maior parte do Sul do Brasil, exceto mais ao Sul da região, na primeira metade do mês. Na segunda metade, a chuva aumentaria.
Chama a atenção a projeção de chuva para o mês do modelo climático norte-americano CFS. O indicativo de possibilidade de acumulados mais altos que o normal que apresenta mais a Leste do Sul do país é típico da configuração de um ciclone e, como junho mostrou, baixa pressão ou ciclone perto da costa do Sul do Brasil pode trazer extremos de precipitação.
A tendência é que os efeitos do El Niño na chuva no Sul do Brasil, como a MetSul tem reiterado, se verifiquem principalmente a partir de agosto ou setembro, encaminhando uma primavera que deve ser muito chuvosa com grandes excessos de precipitação, particularmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
A MetSul Meteorologia antecipa um mês de julho de temperatura acima a muito acima da média no Centro-Sul do Brasil. A possibilidade de ser um dos meses de julho mais quentes até hoje na estatística não está fora de consideração, tamanhas as anomalias positivas que antecipamos para o mês. Não apenas para o Brasil, mas para a América do Sul.
Os mapas abaixo mostram a projeção de temperatura semana a semana do modelo semanal do Centro Meteorológico Europeu em que se constata a tendência de ser um julho quente e com temperatura acima da média. Em alguns locais, a temperatura deve ficar muito acima da climatologia histórica.
O mapa abaixo, por sua vez, traz a tendência de anomalia de temperatura do modelo climático norte-americano CFS em que da mesma forma se observa a tendência de temperatura acima da média no Centro-Sul do Brasil com grandes desvios positivos em algumas áreas.
Com efeito, a MetSul Meteorologia projeta um mês de julho mais quente ou muito mais quente que o normal na maior parte do Sul, Sudeste e o Centro-Oeste do território brasileiro. Serão muitos dias de temperatura alta para a época do ano e abaixo do que é normal de frio. Não vai deixar de fazer frio no Sul do Brasil, mas com frequência bastante inferior ao habitual para julho.
A tendência de um julho quente na sequência de um junho com poucos episódios frios é uma má notícia para o varejo que tem enfrentado dificuldades na comercialização de produtos de inverno devido às altas temperaturas. Julho tende a piorar ainda mais o quadro de vendas deste importante setor da economia.
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MetSul Meteorologia
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