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O universo da literatura infantil está repleto de histórias com personagens malvados, bruxas e feras que perseguem e machucam as crianças. Dos Irmãos Grimm à mitologia local, sempre eram contadas às crianças histórias assustadoras para que ficassem atentas, na realidade, ao verdadeiro monstro: o ser humano.

A tragédia de Milagros Ayelén Prestes (10), encontrado morta na zona rural de Colônia Aurora, ratifica toda a perversidade que uma pessoa é capaz de demonstrar em detrimento de um ser inocente e indefeso.

O relatório preliminar da autópsia realizada ontem no necrotério judicial de Posadas confirmaria a morte violenta por enforcamento e abuso sexual.

Por isso, não há crime mais grave do que o que pesa agora sobre Daniel Alberto N. (62), que na sexta-feira foi preso sob suspeita de ter abusado sexualmente e assassinado a menina que saiu de sua casa na véspera para ir para um armazém para comprar um analgésico para sua mãe.

Ele é incriminado por moradores locais que afirmaram que na manhã de quinta-feira o viram com roupas limpas, embora posteriormente tenham observado que ele estava enlameado e notaram que estava nervoso.

Mas não é tudo, já que os investigadores policiais confirmaram que o referido tem um histórico pesado: entre 2009 e 2017 cumpriu pena por violar uma menor. A pena foi imposta pela Justiça Penal de San Isidro, província de Buenos Aires, onde residia.

A prisão teria integrado presos do culto evangélico, normalmente separados da população comum, o que implica um refúgio para os acusados ​​de abuso sexual, o nível mais baixo e repreensível da hierarquia Tumbero. 

Monstro na colônia

Como publicou El Territorio em sua edição do dia anterior, o acusado chegou a Colonia Aurora há cerca de três anos e fez um acordo com uma mulher que conheceu no Facebook.

A mais de mil quilômetros do local onde estuprou uma criança, Daniel Alberto N. começou uma nova vida sem que ninguém conhecesse seu passado. Agora, pelo menos desde os primeiros indícios do caso, os vizinhos o descrevem como um monstro.

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O horrendo homicídio de Milagros foi registrado no Kilómetro 20, localizado naquele ponto da rodovia provincial coberta 222 e a 30 quilômetros da zona urbana do povoado de Colônia Alberdi.

É uma cidade típica da colônia missionária, com produtores primários, em sua maioria fumicultores. Zona produtiva por excelência, situada às margens do rio Uruguai e com grande influência do Brasil, daí o “portuñol” que impera na zona.

Há a Escola 389, armazéns gerais, alguns bares e vários templos e igrejas a poucos quarteirões de distância.

A este respeito, embora alguns meios de comunicação tenham noticiado que o suspeito do assassinato da menina era um pastor evangélico, em diálogo com este jornal uma importante fonte descartou esta versão.

“É verdade que numa altura frequentou uma igreja evangélica e depois começou a querer posicionar-se como pastor e apresentou-se com a intenção de pregar, mas não era pastor”, frisou.

Além disso, mencionou que “deixou de frequentar o culto quando os responsáveis ​​​​do templo lhe pediram seus dados e ficha policial, que é uma exigência interna. Pediram-lhe isso e pronto”.

Da mesma forma, comentou que os vizinhos não o viam com bons olhos e o descreveram como arrogante. “Como se ele quisesse conquistar o mundo diante dele”, disse ele.

O pior final

Um indício que desde o primeiro momento chamou a atenção das investigações e agilizou o pedido de ficha criminal do suspeito, foi uma série de cicatrizes em seus antebraços, marcas que os presos costumam infligir a si mesmos como forma de denúncia.

Após os depoimentos que o colocaram na mira dos investigadores, naquela mesma sexta-feira o Tribunal de Instrução Um de Oberá ordenou a busca na casa onde morava e procedeu à apreensão de roupas, calçados e um telefone celular.

Os primeiros elementos serão analisados ​​em busca de vestígios genéticos da criatura, enquanto o aparelho também será examinado com o intuito de encontrar alguma prova ligada ao crime.

Nas primeiras horas o caso esteve a cargo do Juiz de Instrução Dois de Oberá, Horacio Alarcón, que até ontem substituiu o Juiz de Instrução Um, Pedro Piriz, magistrado natural do caso que, desde a véspera, comandava o arquivo.

Como apurou esta mídia, o relatório preliminar da autópsia confirmaria que a menina foi estrangulada e submetida sexualmente.

De qualquer forma, até o encerramento desta edição, o corpo permaneceu no necrotério judicial de Posadas para estudos complementares, como a busca de vestígios genéticos que poderiam ser chave para identificar o autor do ato.

Após esse procedimento, o corpo seria encaminhado à família para velório e sepultamento.

Entretanto, estima-se que apenas a meio da semana o suspeito seria levado a tribunal para procedimentos rigorosos.

Os últimos passos de Milagros

Conforme reconstruído até agora, a menina saiu a pé de casa na quinta-feira, pelas 8 horas, com destino a um armazém situado a cerca de 800 metros da sua casa, percurso que fez durante o horário escolar para frequentar a Escola 389. Pouco depois, mais de uma hora e quando ela não voltou, sua mãe saiu para procurá-la.

Depoimentos de vizinhos relataram que a viram caminhando de volta para sua casa, então ela teria sido interceptada no caminho de volta após realizar sua compra.

A família é de origem muito humilde e possui um celular quase obsoleto, por isso, pouco depois do meio-dia, um vizinho alertou a delegacia de Colônia Aurora, a 30 quilômetros de distância.

Os primeiros policiais uniformizados chegaram ao local, conversaram com familiares e vizinhos e às 14h30 teve início a busca, embora no final da tarde a busca tenha sido infrutífera.

Por isso na sexta-feira, assim que amanheceu, retomaram as buscas. Cerca de cem soldados trabalharam nas buscas sob a supervisão do Comissário Chefe Hugo Omar González, chefe da Unidade Regional XI de Aristóbulo del Valle.

Eram 18h20 quando encontraram o corpo, caído numa plantação de milho, a cerca de 50 metros da estrada provincial 222. Do local do crime até à casa da menina são apenas 400 metros.

Presume-se que Milagros foi abordada na estrada quando voltava do armazém e foi levada à força para o milharal onde foi abusada e assassinada.

No local trabalharam peritos da Direção Geral de Criminalística da Polícia de Misiones, que coletaram dados e amostras que poderiam ser importantes para a investigação.
Pedem pena exemplar para os culpados

Como é prática nesse tipo de ocorrência, após a descoberta do corpo da pequena Milagros Prestes, sua mãe e seu padrasto foram levados à delegacia de Colônia Aurora para receberem seus depoimentos. A mãe é Dahiana Prestes (26) e seu marido em união estável Eliseo Fagundez (30).

Uma das primeiras questões apuradas foi que, no momento do desaparecimento da menina, seu padrasto trabalhava em uma fazenda da região, por isso foi descartado como suspeito.

A mãe, por sua vez, confirmou que na madrugada de quinta-feira sua filha foi até uma loja da cidade para comprar-lhe um analgésico para dor de dente, o que a levou a ser maltratada na noite anterior. Milagros era a mais velha de cinco irmãos mais novos.

Também esteve presente Fabián De Lima, pai biológico da criança, que reside em El Soberbio e chegou na tarde de quinta-feira para colaborar na busca. 

A família da vítima é de origem humilde e trabalha como zeladora de uma fazenda. Eles são pessoas apreciadas na região e a tragédia atingiu duramente.

“Aqui todos nos conhecemos e nunca se imagina que possa acontecer um caso como este, que se vê na televisão que acontece nas grandes cidades. ser uma punição exemplar para os culpados. É aberrante”, comentou Carlos Suarez, morador do Quilômetro 20, emocionado com o ocorrido.
Em números

400

Milagros Prestes, 10 anos, foi encontrada sem vida e deitada em uma plantação de milho na manhã de sexta-feira, a 400 metros de sua casa, em Colônia Aurora.

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El Território